Terrorismo sobre o clima é ameaça à soberania nacional, diz professor de Meteorologia
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Terrorismo sobre o clima é ameaça à soberania nacional, diz professor de Meteorologia


O meteorologista Luiz Carlos Baldicero Molion, da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), além do domínio da ciência que demonstra em repetidas ocasiões, tem o mérito da paciência. Pois ele volta uma e outra vez para manter as posições da verdadeira ciência diante da desinformação que tenta confundir o público brasileiro.

E ele voltou a mostrar essas qualidades em mais uma entrevista à “Folha de S.Paulo”:


FOLHA — Como o senhor começou a trabalhar para mostrar que aquecimento global não é resultado da ação do homem?

LUIZ CARLOS BALDICERO MOLION — Eu estou nessa desde a década de 1970, quando começaram a falar que o aquecimento do planeta era resultado da queima de combustíveis fósseis. Isso não era verdade.

Quando o IPCC lançou seu primeiro relatório [em 1990], nós começamos a comprovar que o aquecimento era causado pelo aumento da atividade solar e pela falta de erupção vulcânica dentre 1912 a 1960 [as erupções reduzem a temperatura da Terra].

Mas, desde então, o terrorismo climático aumentou.

Os cientistas “céticos” reclamam de dificuldades para obter recursos para pesquisas. O senhor já viveu isso?

Eu tenho hoje cerca de R$ 3,2 milhões em projetos de pesquisa sobre eventos extremos, monitoramento de vazão de rio e desenvolvimento regional. Mas não posso usar a palavra “aquecimento global”, senão o projeto não é aprovado.

Na área de aquecimento global, eu nem me arrisco a tentar publicar os meus trabalhos. Os artigos têm de ser “revestidos” por outras temáticas.

Mas, se o senhor submeter um artigo científico questionando o aquecimento global pelo homem, ele será negado?

Sim. A maioria dos pareceristas é a favor do aquecimento global. Então, será negado. Revistas como a Science só publicam artigos sobre a ação do homem no clima. Mas se um trabalho em outra área, como o monitoramento de eventos extremos, cair nas mãos de um “aquecimentista”, será aprovado.

Por que decidiram escrever uma carta para a Dilma?

Existiam na pauta da Rio+20 coisas esdrúxulas como “a temperatura do planeta não pode aumentar mais de 2 graus”. Então nós tivemos a ideia de escrever essa carta. Temos informações de que ela leu e disse “interessante, porém muito tarde”. É uma pessoa que tem acesso a ela, mas não podemos revelar quem é. LEIA A CARTA DOS CIENTISTAS BRASILEIROS A DILMA ROUSSEFF

A carta afirma que não é preciso descarbonizar. O que precisaria ser feito então?

Há registros geológicos ou paleoclimáticos que mostram que quando as plantas surgiram havia uma concentração muito maior de CO2 do que existe agora.

Já mostramos que com mais CO2 as plantas aumentam a sua produtividade. Então falar em descarbonização é absolutamente ridículo. Isso não quer dizer que os combustíveis fósseis não tenham problemas. O enxofre que está no carvão mineral e no petróleo é altamente tóxico.

Video: veja o que acontece numa planta com 180% a mais de CO2
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A muda de feijão-fradinho à esquerda foi fotografada crescendo num ambiente com o CO2 em 450ppm (média global atual: 360ppm/392ppm). A da direita, mesmo feijão, cresceu num ambiente artificial com o nível de CO2 em 1.270ppm, i. é, 282% maior. A vegetação cresce mais e melhor, trazendo mais alimento e bemestar. O CO2 é o "gás da vida", sem ele a Terra seria um planeta morto.

Mas a crise ambiental trata também da escassez de recursos, como a água...

O petróleo não vai acabar. Há reservatórios de petróleo como o pré-sal em todo o planeta. Mas extrair será caro. E a água não será um problema do século 21 porque 71% do planeta é formado por água. O que vai acontecer é que, se poluirmos a água, ela ficará mais cara. Mas não vai faltar.

O que estaria por trás do IPCC?

Há quem diga que a ideia da ONU é ter uma governança global. Não duvido.

O que o senhor achou dos resultados da Rio+20?

Os artigos sobre compromissos, metas e definições foram todos retirados. Ficamos com os parágrafos que repetem as mesmas coisas desde o relatório de Estocolmo, de 1972. Porém, houve coisas interessantes.

A tentativa de transformar o Pnuma [programa ambiental da ONU] em uma agência foi vetada. Se passasse, os países perderiam a sua soberania.

Se você resolve fazer uma hidrelétrica como Belo Monte, a agência da ONU poderia vetar. Seria um problema sério para os países em desenvolvimento. Mas a ONU não desistirá.

(Fonte: Folha de S. Paulo, 27 de junho de 2012).






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