Prof. Molion (2): nos aquecimentos históricos anteriores o homem não pesou
O Outro Lado

Prof. Molion (2): nos aquecimentos históricos anteriores o homem não pesou



Catolicismo — O que realmente vem acontecendo com a temperatura da Terra? Por exemplo, como o derretimento das calotas polares pode ser explicado?

Prof. Molion — Não se pode negar que a temperatura global aumentou nos últimos 100 anos, porém isso aconteceu por processos naturais, e não antrópicos (provocados pela ação do homem sobre a vegetação).

O gelo do Ártico já derreteu entre 1920–1945, quando o homem lançava menos de 10% do carbono que lança hoje na atmosfera. A cobertura de gelo em 2009 já foi maior que a de 2007, após esse inverno severo do hemisfério norte (América do Norte, Sibéria e China).

A permanência do gelo depende do transporte de calor feito pelas correntes marítimas – a corrente (quente) de Kuroshio, no Pacífico (Japão), e a corrente (quente) do Golfo do México, no Atlântico. Esta última, quando mais ativa como no período 1995-2007, transporta mais calor para o Ártico e derrete o gelo flutuante.

Ao derreter, o gelo não eleva o nível do mar, pois já desloca o volume que vai ocupar quando fundir. Esse transporte de calor é em parte controlado por um ciclo lunar de 18,66 anos, que esteve em seu máximo em 2005-2006. Estudos indicaram que o gelo continental em cima da Groenlândia permanece lá desde a última era glacial, há mais de 15 mil anos. O gelo da Antártica (Pólo Sul), por sua vez, continuou a crescer nos últimos 60-70 anos.


Catolicismo — Que outros estudos desqualificam o consenso dos cientistas vinculados à ONU? Que livros e autores o Sr. recomendaria?

Prof. Molion — Dois livros: The Chilling Stars, a New Theory of Climate Change, de Henrik Svensmark e Nigel Calder; e The Unstoppable Global Warming – Every 1.500 Years, de Fred Singer e Dennis Avery.

Outros artigos podem ser encontrados na lista de referências bibliográficas dos meus artigos publicados.

Fato digno de nota é que nos últimos dois mil anos reconhecidamente houve, no período medieval entre os anos 800-1200, um aquecimento global maior que o atual, o chamado “Ótimo Climático Medieval”.

Esse aquecimento permitiu que os nórdicos (vikings) colonizassem o norte do Canadá e o sul da Groenlândia (Terra Verde), hoje coberta de gelo. E as concentrações de CO2 eram inferiores a 280 ppmv (partículas por volume) na época, de acordo com as estimativas.

Catolicismo — Como o Sr. avalia a cobertura da imprensa brasileira e internacional em relação às alardeadas mudanças climáticas e outras questões ambientais com as quais a sociedade moderna se depara?

Prof. Molion — Infelizmente, a imprensa nacional e estrangeira dá ênfase exagerada ao aquecimento antropogênico do clima. Em particular a nossa mídia, televisionada e escrita, apenas repete o que vem de fora, sem fazer críticas. Talvez isso ocorra por falta de conhecimento e desinteresse dos jornalistas pelo tema, ou por interesses dos controladores desses veículos de comunicação.

A mídia vem anestesiando, impondo aos cidadãos comuns o que se convencionou chamar de “lavagem cerebral”, ficando a impressão de que o homem é responsável pela mudança do clima – o seu grande vilão. Como veículo de informação, a mídia deveria ser neutra, ouvir opiniões contrárias e tentar apenas relatar o conhecimento científico comprovado e suas limitações. Isso já aconteceu antes.

No início dos anos 1940, dizia-se que o mundo estava “fervendo e estava sufocante” com o aquecimento natural ocorrido entre 1925-1946.

No início dos anos 1970, ao contrário, dizia-se que estávamos à beira de uma nova era glacial, devido ao resfriamento global que ocorreu entre 1947-1976. Em adição, como argumento de que o clima está mudando, exploram os eventos meteorológicos catastróficos que ocorrem. Eventos severos sempre ocorreram no passado, muito antes de o CO2 chegar a essa concentração.

A maior seca no nordeste do Brasil ocorreu em 1877-1879, durante a qual, segundo Euclides da Cunha em Os Sertões, meio milhão de nordestinos morreram. As três maiores cheias em Manaus ocorreram em 1953, 1976 e 1922, quando o Pacífico estava frio. A cheia recorde de 2009 também ocorreu com o Pacífico frio e com a “temperatura média global” em declínio, constatação feita com dados de satélites nos últimos 10 anos.

O furacão mais mortífero nos Estados Unidos ocorreu em 1900 em Galveston, no Texas, ceifando a vida de mais de 10 mil pessoas. Nessa época, a densidade populacional era seis vezes menor que a de hoje. É preciso não confundir intensidade dos fenômenos meteorológicos com vulnerabilidade da sociedade, que aumenta com o crescimento populacional.

Ademais, a sociedade tende a se aglomerar em grandes cidades, tornando mais catastrófico atualmente um fenômeno com a mesma intensidade de outro que houve no passado. O homem não tem capacidade de mudar o clima global, mas sim de modificar seu entorno, seu próprio ambiente.

(Fonte: “Catolicismo”, janeiro 2010)

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