O Outro Lado
Papa São Gregório VII: alma inspiradora das Cruzadas
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São Gregório VII |
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Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Coube ao Papa São Gregório VII (1020-1085) a honra de inspirar o movimento das cruzadas. Seu plano resulta claro na carta de 1074 reproduzida embaixo, mas que no seu tempo não chegou a ser enviada.
Aconteceu que São Gregório VII teve que enfrentar a revolta do imperador Henrique IV e não pôde completar seu determinado projeto.
Entre seus assessores mais próximos estava o futuro Urbano II. São Gregório VII externou o desejo que ele fosse eleito para sucedê-lo.
Por sua vez, Urbano deixou bem claro aos Cardeais que de ser eleito continuaria a pastoral intransigente de São Gregório VII face à baixa moralidade de certo clero mundanizado, a simonia, a nomeação de bispos pelo poder temporal e a luta contra os inimigos da Cristandade sobre tudo o Islã.
Os Cardeais, entretanto, temeram continuar na linha do Santo Gregório VII e escolheram um pontífice conciliante.
Após poucos anos de pontificado, os purpurados bem perceberam a insuficiência da escolha.
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Beato Urbano II |
À morte de Vitor III (1027-1087), Urbano voltou a sublinhar que ele retomaria a intransigência de São Gregório VII. E os cardeais o elegeram por unanimidade em 12 de março de 1088.
Quando o Bem-aventurado Papa Urbano II (1042-1099) convocou a I Cruzada em 1095 a situação não era materialmente diferente de 1074.
O Beato Papa convocou o concílio de Clermont-Ferrand e fez o inspirado e épico sermão que atraiu a graça das Cruzadas.
Nesse sermão, ele retomou o essencial das idéias de São Gregório VII contidas na carta de 1074.
Por isso, pode se disser com certeza que o Beato Urbano II convocando a Cruzada, não fez outra coisa senão realizar o que estava na mente de São Gregório VII.
Eis a carta do santo Papa:
Gregório, bispo, servidor dos servidores de Deus, a todos os que anseiam defender a Fé cristã, saudações e bênção apostólica.
Nós vos informamos que o portador desta carta, no seu recente retorno através do mar desde a Palestina veio nos visitar na cidade de Roma.
Ele repetiu para nós o que já tínhamos ouvido de muitos outros, a saber, que uma raça pagã tem subjugado os cristãos e com horrível crueldade devastou praticamente tudo até as muralhas de Constantinopla.
Eles estão agora governando as terras conquistadas com tirânica violência e têm escravizado muitos milhares de cristãos como se fossem gado.
Se nós amamos a Deus e desejamos sermos reconhecidos como cristãos, nós deveríamos nos encher de dor diante do infortúnio deste grande império (o grego) e pelo assassinato de tantos cristãos.
Mas só a dor não satisfaz todo o nosso dever. O exemplo do Redentor e o dever do amor fraterno exigem que engajemos nossas vidas para liberá-los.
Porque Ele deu sua vida por nós, nos ficamos obrigados a dá-la pelo nosso irmão? (1 Jn 3:16).
Sabei, portanto, que nós confiamos na graça de Deus e no força de seu poder e que estamos trabalhando por todas as formas possíveis e fazendo preparativos para levar auxílio ao império Cristão (grego) tão prestes quanto possível.
Em conseqüência vos exortamos pela Fé que nos une em Cristo para fazer vossos os sofrimentos dos filhos de Deus, e pela autoridade de São Pedro, príncipe dos apóstolos, vos conjuramos para que, tocado de justa compaixão pelas feridas e o sangue de vossos irmãos e pelo perigo em que se encontra dito império, pela glória de Cristo, vós assumais a difícil tarefa de dar auxílio a vossos irmãos gregos.
Enviai-nos mensageiros para nos informar do que Deus tenha vos inspirado nesta matéria.
(Fonte: Migne, Patrologia Latina, 148:329 [tradução para o inglês de Oliver J. Thatcher, and Edgar Holmes McNeal, eds., A Source Book for Medieval History, New York, Scribners, 1905, 512-13].
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