Na batalha de Poitiers a Cruz franca esmaga o Crescente invasor
O Outro Lado

Na batalha de Poitiers a Cruz franca esmaga o Crescente invasor


Carlos Martel em combate contra Abdul Rahman, Poitiers. J-F-Théodore Gechter, museu do Louvre.  Fundo: queda dos anjos rebeldes, Pieter Bruegel
Carlos Martel em combate contra Abdul Rahman, Poitiers. J-F-Théodore Gechter, museu do Louvre.
Fundo: queda dos anjos rebeldes, Pieter Bruegel
Marchando para combater vossos inimigos, que seus carros e seus cavaleiros e sua multidão não vos apavore, porque Deus está convosco. Deuteronômio XX

Lemos por toda parte quais foram, desde esses primeiros tempos do islamismo, os sucessos assustadores dos sectários de Maomé.

No fim do século VII, eles tinham se estabelecido sobre a metade do mundo conhecido e cobiçavam as terras delimitadas pelo Mediterrâneo.

A traição de um conde Juliano, indignado com Rodrigo(2), o último rei dos Godos na Espanha, lhes abriram esse belo país; e Rodrigo, vencido no ano de 714, lhos entrega.

Eles se tornaram em poucos anos os mestres de toda a península Ibérica, com exceção das Astúrias, aonde Pelágio se mantem com alguns espanhóis, que o proclamam rei em 718.


Tão logo, ele começou em suas montanhas, para ele e seus sucessores, a primeira luta da Cruz contra o Crescente; e que deveria durar sete séculos e meio.

Mestres de todo o país, fora a cidade de Oviedo e as montanhas das Astúrias, seja pela ambição, pelo ardor do proselitismo, seja pela natureza nômade, os Sarracenos queriam ir mais longe e tomar as Gálias[3].

No ano de 721, Zama, um de seus capitães, entra no Midi [4], toma Narbonne e sitia Toulouse.

Carlos Martel, vitral da catedral de Estrasburgo
Carlos Martel, vitral da catedral de Estrasburgo
Eudes, duque de Aquitaine, o impele e o vence. Abdul Rahman [5], que reinava na Espanha sob a suserania do califa de Damasco, compreende que era preciso invadir com mais força o país dos francos, já famosos.

Ele se coloca na liderança de um numeroso exército e entra na Gasconha, se dirigindo rumo a Tours, aonde ele pretendia pilhar os ricos tesouros acumulados na basílica de Saint-Martin; ele já havia pilhado a igreja de Saint-Hilaire em Poitiers. Sob Abdul Rahman marchavam 400.000 homens.

Contudo, Carlos Martel, que já combatera pela fé entre os Frísios bárbaros, advertido por Eudes, se coloca em marcha forçada, à frente de seus mais valentes companheiros.

Os muçulmanos sabiam que os francos, os filhos primogênitos da Igreja, combatiam valentemente por ela.

Antes mesmo da conversão de Clóvis, eles haviam destruído as filas furiosas de Átila.

Depois, o grande Clóvis não cessou de combater o arianismo, e seus sucessores levaram a fé por todas as regiões em que eles marcharam.

Os dois exércitos se encontraram nas planícies de Poitiers. Após sete dias observando uns aos outros, Carlos Martel dá o sinal da batalha.

Carlos Martel em Poitiers.Charles de Steuben (1788–1856), museu de Versailles
Carlos Martel em Poitiers.Charles de Steuben (1788–1856), museu de Versailles
Ela foi obstinada e furiosa dos dois lados. Contudo, os francos eram superiores; Carlos Martel mata com as próprias mãos Abdul, e coloca suas fileiras abaixo após uma longa carnificina.

Os historiadores dizem que o chefe dos francos perdeu somente 15 mil homens, e que o campo de batalha ficou repleto dos corpos de mais de 300 mil sarracenos.

Os vencedores, cujos ancestrais sempre triunfaram, e que então combateram pela Cruz entre os batavos, proferiram seu grito de guerra: "Viva o Cristo que ama os Francos". Eis o início da lei sálica.

Carlos Martel retorna, diz Frédégaire, carregado de glória e de espólio. A França estava livre.

Na verdade, os muçulmanos reapareceram algumas vezes sobre nosso solo, principalmente no Languedoc e na Provença, mas timidamente, com uma perseverança inútil.

Eles sempre foram vencidos, ou por Carlos Martel, ou por seu irmão Hildebrando, ou por Pepino, seu filho, e, enfim, por Carlos Magno.

(Autor: J. Collin de Plancy. Légendes des Croisades depuis les premiers temps jusqu'a nos jours. Henri Plon, Paris.)
Notas
[2] Foi rei visigodo da Hispânia, de 710-711.
[3] Gálias, região povoada pelos gauleses; província do antigo Império Romano; atual França.
[4] Midi, região do sul da França, englobando as regiões de Languedoc-Roussillon e Midi-Pyrénées.
[5] Abdul Rahman ou Abderrahman.




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