O Outro Lado
Infidelidades dos cruzados põem em risco o reino de Jerusalém
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Reynaud de Chatillon cruzado intrépido mas discolo, por imprudência desperdiçou muitas de suas empresas e pôs em risco o reino cristão |
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Luis Dufaur
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Mas, enquanto de um lado impeliam seus inimigos para além do deserto, novos perigos ameaçavam-nos do lado da Síria. Nur al-din, à força de lisonjas e de promessas, se tornara senhor de Damasco e essa cidade fazia-o temível a todos os povos das vizinhanças.
Entretanto (ano 1154) as colônias cristãs ficaram por algum tempo num estado de inação que parecia paz.
O único acontecimento notável dessa época, foi a expedição de Renaud de Chatillon, Príncipe de Antioquia, à ilha de Chipre.
Renaud e seus cavaleiros precipitaram-se de improviso sobre uma população pacífica e desarmada.
Aqueles guerreiros bárbaros, não respeitavam as leis, nem da religião, nem da humanidade e saquearam as cidades, os mosteiros e as igrejas, e voltaram a Antioquia carregados de despojos de um povo cristão.
Renaud tinha empreendido essa guerra ímpia, para se vingar do imperador grego, que ele acusava de não ter mantido suas promessas.
Ao mesmo tempo, no ano 1156, o Rei de Jerusalém fez uma excursão que não feria menos as leis da justiça.
Algumas tribos árabes tinham obtido dele e de seus predecessores a faculdade de dar pastagem a seus rebanhos na floresta de Panéias. Há muitos anos eles viviam em perfeita segurança, confiando na fé dos tratados.
De repente Balduino e seus cavaleiros apareceram de espada na mão, atacando aqueles pastores desarmados; massacraram os que resistiram, dispersaram os demais e voltaram a Jerusalém com os rebanhos e os despojos dos árabes.
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Morte de Reinaldo de Châtillon (Historia de Guilherme de Tiro, folio 399). |
Balduino III foi levado a essa ação culpável pela necessidade de pagar as dívidas a que não podia satisfazer, com os recursos ordinários.
Guilherme de Tiro, não condena menos a Balduino e acha justo o castigo dessa iniquidade, que ele sofreu, em seguida, com a derrota de que foi vítima perto do vão de Jacó.
Atacado por Nur al-din, ele ficou quase sozinho no campo de batalha, e refugiou-se através dos maiores perigos na fortaleza de Safet, construída num monte à direita do Jordão.
Quando a notícia desse desastre espalhou-se pelas cidades dos francos, os fiéis, cobertos de luto, correram para junto dos altares, repetindo as palavras do Salmista:
Domine, salvum fac regem, Senhor, salvai o rei. O céu não rejeitou as orações do povo desolado e Balduino foi depois recebido entre seus súditos, que o julgavam morto.
(Autor: Joseph-François Michaud, “História das Cruzadas”, vol. II, Editora das Américas, São Paulo, 1956. Tradução brasileira do Pe. Vicente Pedroso, páginas 414-433)
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