China tenta comprar a América Latina, mas atrás dos milhões vem os grilhões
O Outro Lado

China tenta comprar a América Latina, mas atrás dos milhões vem os grilhões


Presidente chinês Xi Jinping com a presidente de Costa Rica Laura Chinchilla
Presidente chinês Xi Jinping cumprimenta
a presidente da Costa Rica Laura Chinchilla
Luis Dufaur




Desde o ano 2000, a China comunista aumentou mais de 20 vezes seu comércio com a América Latina, calculou o jornal El País, de Madri.

Como se isso fosse pouco para as ambições hegemônicas do socialismo chinês, no discurso de inauguração da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) em Pequim, o presidente Xi Jinping falou de um novo ponto de partida para construir una visão estratégica de longo prazo no relacionamento com o continente latino-americano.

Em função disso, ele anunciou um investimento de 250 bilhões de dólares na região na próxima década. Como se a China não estivesse à beira de um colapso financeiro que poderá arrastar todo o planeta.

Mas ideologia é ideologia, independente do bom senso, e as instruções do fundador do comunismo chinês devem ser executadas, ainda que à custa da vida de 300 milhões de chineses, segundo o próprio Mao Tsé-Tung.

A China comprou importante parte da dívida externa da Costa Rica, onde criou o Instituto Confúcio. Também construiu um estádio de futebol com tecnologia avançada, com o qual o país só podia sonhar.


O estádio custou mais de 100 milhões de dólares e foi inaugurado em março de 2011 com um jogo simbólico entre as seleções da China e da Costa Rica, que acabou num diplomático empate.

Na Nicarágua, a China passou a ser a parte principal, porém dissimulada, do projeto faraônico de construir um canal transoceânico que faça a competência ou até supere o Canal de Panamá.

Estádio Nacional: o estádio de futebol em San José, que a Costa Rica não podia sonhar, a China pagou.
Estádio Nacional: o estádio de futebol em San José,
que a Costa Rica não podia sonhar, a China pagou.
Com o novo canal e o eventual controle de algum dos portos de acesso, talvez no Caribe, a China obterá uma posição estratégica incomparável nas barbas dos EUA.

Em novembro de 2014, o Brasil, o Peru e a China assinaram um acordo para construir uma estrada para unir o Atlântico e o Pacífico.

Em julho de 2014, durante sua visita à Argentina, Xi Jinping assinou cerca de 20 enigmáticos acordos, entre eles a polêmica estação espacial na Patagônia, que ficaria sob controle como que exclusivo chinês e serve para usos militares.

Santiago A. Canton, diretor executivo do Robert F. Kennedy Human Rights, diz que esta é apenas uma “pequena amostra” da aliança estratégica que a ditadura de Pequim quer estabelecer com a América Latina.

Canton defende que a ofensiva chinesa não deve ser entendida só do ponto de vista comercial.

Um estudo da Universidade Cornell, EUA, sustenta que o comércio chinês com a esfera latino-americana e a África entre 1992 e 2006, foi ‘pago’ com um crescente apoio dessas regiões à política exterior de Pequim nas votações na ONU.

Também não foi por um acaso que o estádio de futebol na Costa Rica foi construído logo após aquele país romper relações diplomáticas com a China livre de Taiwan.

Tampouco foi um acaso que em seu discurso na cúpula China-CELAC o presidente comunista chinês tenha omitido qualquer menção aos direitos humanos e à democracia.

A Venezuela comprou 80 blindados Norinco VN4, adaptados para reprimir protestos, produzidos pela estatal China North Industries Corporation (Norinco)
A Venezuela comprou 80 blindados Norinco VN4, adaptados para reprimir protestos,
produzidos pela estatal China North Industries Corporation (Norinco)
Nesse silêncio, afinaram com ele os presidentes Solís, da Costa Rica, Correa, do Equador, e Maduro, da Venezuela. Que Correa e Maduro não tenham ousado fazê-lo, acrescenta Canton, não surpreende.

Mas que o presidente da Costa Rica, que se apresenta como paladino dos direitos humanos e das liberdades, tenha feito um esforço notável para silenciar esses conceitos condenados na China, é um indício perturbador.

A China está reescrevendo a história latino-americana. Segundo investigações encomendadas pelo regime maoista, o almirante chinês Zheng He teria sido seu verdadeiro descobridor em 1421.

Esse almirante – por sinal um muçulmano eunuco – teria aqui aportado por indicação do imperador Zhu Di, da dinastia Ming. Este monarca, após anunciar a instalação da felicidade perpétua, morreu numa campanha contra os mongóis.

Xi Jinping proclamou o estabelecimento da “sociedade harmoniosa”, não muito antes de mandar perseguir o cristianismo e reprimir como criminoso e sabotador do regime todo aquele que falasse em direitos humanos, democracia e liberdade. As analogias parecem risíveis, mas patenteiam que foram encomendadas.

O inimigo de todos os imperadores e mandarins do passado, Mao Tsé-Tung, foi o mais cruel imperador e mandarim supremo na extinção de proprietários, intelectuais e homens que se afastavam da igualdade absoluta ideal do império da estrela vermelha.

O histórico almirante Zheng regressou à China em 1423 e verificou que o novo imperador não se interessava por expedições marítimas. Como resultado da historinha chinesa, a América teria sido “descoberta” 70 anos depois por Cristóvão Colombo, que fez reinar no continente o signo da Cruz.

Brasil: protestos populares contra os males da penetração econômica chinesa no País.
Brasil: protestos contra os danos da penetração econômica chinesa no País.
Xi Jinping não quer cometer o mesmo “erro” e pretende apagar os efeitos da conquista e da evangelização luso-espanhola.

E para isso prepara uma nova evangelização sob o signo da foice e do martelo, com os “evangelhos” de Marx, Lênin e Mao Tsé-Tung.

A velha Teologia da Libertação não consegue levantar voo, ainda que galináceo, nem com importantes apoios no Vaticano. Porém, os movimentos, partidos e políticos “bolivarianos”, que se dizem patriotas e nacionalistas, recebem de joelho em terra o novo descobridor.

Ele vem prometendo bilhões. No entanto, nos refolhos das promessas chegam dissimuladas as botas e os fuzis que chacinaram mais de cem milhões de chineses e os grilhões que escravizaram o povo mais numeroso da terra.

Quando os chineses perceberam o Leviatã socialista e tentaram reagir, era tarde demais.

Será que o socialismo latino-americano do século XXI, a mídia e/ou a CNBB não sabem nada disso?




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