O Outro Lado
Sonho de Mao: chineses empreendem a conquista da África
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A China deita a mão na infraestrutura africana |
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Luis Dufaur
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Habilidosamente, a China está tomando conta da infraestrutura básica do continente africano, apontou Sébastien Le Belzic, especialista em relações sino-africanas e correspondente do jornal “Le Monde” em Pequim.
Estradas, autoestradas, aeroportos e vias férreas: a China está ficando com uma malha de vias de comunicação que perpassa toda a África e serve à maravilha aos interesses do imperialismo chinês.
A preferência é pelas rotas por onde circulam as matérias-primas africanas.
Em Pequim, a China e a União africana (UA) fecharam um acordo sobre um vasto projeto de infraestrutura para ligar as capitais africanas por meio de autoestradas, trens de alta velocidade e conexões aéreas.
“Foi o projeto mais importante jamais assinado pela União Africana”, disse o presidente da Comissão da UA, Nkosazana Dlamini-Zuma.
É o “acordo do século”, exultou o vice-ministro das Relações Exteriores da China, Zhang Ming, já prelibando o objetivo da hegemonia mundial chinesa sonhada por Mao Tsé-Tung.
Pequim já construiu 2.200 quilômetros de trilhos no continente e outros 1.000 estão em obras. Empresas chinesas constroem linhas desde a capital etíope, Addis Abeba, Djibuti, Nairobi e Mombasa até o Quênia, bem como em cidades da costa nigeriana do outro lado do continente.
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O primeiro ministro chinês Li Keqiang e o presidente da Quênia Uhuru Kenyatta aplaudem acordo ferroviário em Nairobi |
Só em Quênia há 5.000 operários chineses trabalhando. Em Angola, a China Railway Construction (CRC) completou a linha que liga o porto de Lobito à rede férrea de Katanga, na República Democrática do Congo.
Mais de 20 milhões de toneladas de matérias-primas passam por ela todo ano. Os trabalhos custaram 1,83 bilhões de dólares a Angola.
Mas o cimento, os trilhos, os instrumentos de comunicação e uma grande parte da mão-de-obra vieram da China.
A CRC ganhou também um mega-contrato de 12 bilhões de dólares, para construir na Nigéria uma linha férrea que percorre as extensas e ricas costas do país, numa extensão de mais de 1.400 quilômetros.
A China já possui o equivalente à metade da rede de trens de grande velocidade do planeta, embora sua qualidade seja discutível, e prossegue assinando contratos para construir mais.
Trata-se de uma “diplomacia dos transportes”, diz Sébastien Le Belzic. O sonho é de que por volta de 2063 a África seja um continente “unificado e próspero”. Mas o sonho tem um preço: o jugo chinês.
O financiamento é garantido pela China, que banca de inocente fada.
O Exim Bank chinês adianta os meios para o conjunto das obras, e Pequim empresta mais dinheiro à África do que o Banco Mundial.
Até que ponto isso seja uma miragem de números sem fundamento sólido na misteriosa China, ninguém sabe.
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A China deita a mão na infraestrutura africana |
Mas, em matéria de finanças, a ilusão por vezes vale mais do que a realidade, e ninguém quer aprofundar seriamente o problema, de medo de descobrir algo assustador.
Há muitas críticas econômicas na África: pilhagem de matérias-primas, neocolonialismo, etc.
Mas nenhuma delas vai ao cerne do problema: o projeto chinês de uma hegemonia maoísta-marxista universal a qualquer preço material e humano.
Pequim prevê a construção de sete grandes portos no continente: em Djibuti, na Tanzânia, em Moçambique, no Gabão, em Gana, no Senegal e na Tunísia.
Segundo Sébastien Le Belzic, para o continente será como um colar de pérolas pago com um empréstimo de 40 bilhões de dólares adiantados diretamente pelo governo chinês.
Até o dia em que os infelizes enganados descobrirem que o colar era a corda com que os herdeiros de Mao iriam enforcá-los.
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