O Outro Lado
A COP21 entre a utopia inclemente e a realidade
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Embaixo da Tour Eiffel. Em Paris sob o terror não há ambiente para o carnaval anarco-ecológico das ONGs verdes. |
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Luis Dufaur
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Na reta final, a COP21 languidesce.
Os pânicos climáticos induzidos pela propaganda catastrofista, o bombardeio psicológico da grande mídia, a teimosia ideológica de cientistas empregados de governos, partidos e políticos com interesses ideológicos apenas dissimulados, murcharam no ambiente de terror criado na capital francesa pelas Kalashnikovs assassinas e por homens-bomba recitando o Corão.
Não há ambiente para o carnaval anarco-ambientalista
Compreensivelmente, no estado de emergência nacional proclamado pelo governo, a polícia francesa interditou toda reunião pública. E o folclore do ambientalismo radical não pode exibir seus disfarces destinados a encher as páginas dos jornais e da Internet.
Um revelador vídeo da
Vice News exibiu a inautenticidade do folclore verde.
Na coreografia, uma galáxia de ONGs que reúnem os seres humanos atingidos de morte, ou que foram conscientizados de estarem morrendo, desfila durante estes encontros anuais, exteriorizando seu desespero e seu drama. O drama e o desespero mudam, é claro, como o camaleão, segundo a ocasião e a situação.
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Cartaz do World Wildlife Fund se inspira em sanguinários episódios revolucionários franceses para a Revolução verde de hoje. Mudaram a cor e os personagens, mas a essência destrutiva é a mesma. |
Mas o vídeo fez a reportagem do imenso local único onde os incontáveis punhados representantes dos miseráveis da Terra preparavam seus cartazes e outros recursos de propaganda.
Eles deveriam ser, e assim se apresentam, como marginados – hoje pelas mudanças climáticas, amanha por qualquer outra coisa – que com paupérrimos recursos acodem dos cinco continentes por sua conta e risco num gesto agônico para exalar seu apelo extremo.
O vídeo não mostra nada disso. Pelo contrário uma imensa organização única de ativistas e artistas pintando e montando faixas, cartazes ou disfarces nas mais variadas línguas com reivindicações dos locais mais dispares. Uma organização só, com um método só, mas com cores e formas tapeadoras.
Mas não puderam sair à rua. Alguns grupos baderneiros do gênero Black Bloc o fizeram e a polícia resolveu.
A questão é que não há ambiente para o carnaval anarco-ambientalista. E mesmo fazendo o show a opinião pública está pouco ligando.
O público tampouco está pouco interessado nos apelos supostamente morais e religiosos provenientes das Conferências Episcopais do mundo todo, na linha da encíclica ‘Laudato Si’.
O Cardeal Peter Turkson, presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz do Vaticano convocou o orbe católico para pressionar a COP21 em favor da governança mundial que aplique teologias outrora condenadas.
Tal vez tenham chegado muitos escritos de comunidades eclesiais nesse sentido. Certamente já foram acrescentadas na crescente Babel de papel da COP21.
Mas o desinteresse do mundo católico por essa empreitada é simplesmente fantástico.
Em sentido contrário, os políticos e ativistas oficialmente inscritos na reunião passam bem.
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'Sorry. Definitivamente não será um tratado', disse o Secretário de Estado dos EUA John Kerry |
Paris está cheia de atrativos e os governos pagam os melhores preços. E se os divertimentos paralelos geram CO2, isso não é com eles.
Porém, uma grande ducha de água fria veio daquele que deveria ser o grande aliado: a administração Obama.
Kerry: água na fervura
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, porta-voz da linha radical ambientalista de Obama, anunciou que é impossível sair de Paris um tratado com força legal.
A promessa havia sido feita poucos dias antes pelo presidente Barack Obama, em texto assinado junto com seus pares do G20, como também informou a “Folha”. http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/11/1707034-acordo-da-conferencia-de-paris-sobre-clima-tera-cumprimento-obrigatorio.shtml
Deprimido ele reconheceu que os EUA nunca poderão assinar algo assim. Pois, o Senado americano está determinado a desaprovar qualquer coisa nesse sentido.
A mirífica meta de limitar o aumento da temperatura na Terra a 2°C até o final do século, em relação aos níveis da era pré-industrial, não impressiona no mais mínimo aos congressistas americanos.
Eles dão de ombros às consequências apocalípticas que adviriam do incumprimento dessa meta.
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'Justiça climática' é um novo slogan da revolução anarco-comunista. |
O secretário de Estado americano definiu a posição de seu pais ao sisudo jornal econômico britânico
Financial Times. “Certamente não será um tratado”, encerrou lapidarmente o máximo chefe da diplomacia americana, como informou também
“Le Monde”.
O esperneio foi geral nas delegações que quereriam enforcar os EUA, e aos homens em geral, com um
corsé abstrato e ditatorial. Mas não adiantou de nada.
O chanceler socialista francês Laurent Fabius chorou as magoas pelos propósitos de “meu amigo Kerry”.
O presidente francês se ergueu até o mais alto que lhe permitiam as pontas de seus pés e disse “se um acordo não for legalmente vinculante, não haverá um acordo”, mas tudo seguiu como dantes no quartel de Abrantes.
Jogos de palavras para passar o inconfessável
Desde então, o cerne do problema em Paris é driblar o Congresso americano com alguma fórmula que permita passar uma obrigação constrangedora sem ter ares de tal.
Disputa-se sobre a “profundidade e a legalidade do documento”, a ponto de os diplomatas mais experientes não saber ainda como chamá-lo.
Há trambiqueiros folhando dicionários de sinônimos. “Acordo de Paris” é uma opção. “Protocolo”, malgrado o desprestígio do termo com o Protocolo de Kyoto, não está descartado. E “Tratado” ainda povoa os sonhos de alguns.
O negociador-chefe da delegação brasileira, embaixador Antônio Marcondes martela obstinadamente: “será algo legalmente vinculante”. Outros negociadores de alto nível se resignam e reconhecem a indefinição reinante.
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O chanceler francês Laurent Fabius pede acelerar as discussões para um auditório em grande parte vazio. |
O termo escolhido definirá o valor do documento, de acordo com a praxe do direito internacional, e pode determinar se tem implicações legais ou não.
Um “acordo” em geral é menos formal e menos vasto que um “tratado”, e pode ser rubricado por agentes ministeriais. Não precisa ser ratificado por chefes de Estado ou governos. A ver se o Senado dos EUA engole essa.
Mas o quebra-cabeças é mais complicado. Na hora de definir os termos finais do que se vai assinar em Paris os negociadores abrem intrincadas disputas semânticas de difícil intelecção para os não iniciados.
O fato real é que muitos países que se gabam de arautos da luta contra a mudança climática, na prática não querem cumprir o que trombeteiam, aliás porque sabem ser impossível.
Tratam então de enrolar os termos para deixar aberta a porta para as respectivas políticas nacionais.
Em termos muito caseiros, é como se imensas Volkswagens estivessem discutindo os comandos tortos do software que finge não emitir gases estufa na hora do teste e depois segue emitindo porque não há outro jeito de funcionar com os conhecimentos mais avançados da hora presente.
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