A "Canção de Rolando", resumo das virtudes de um cruzado
O Outro Lado

A "Canção de Rolando", resumo das virtudes de um cruzado


Batalha de Roncesvales. Vitral da Catedral de Chartres.
Batalha de Roncesvales. Vitral da Catedral de Chartres.

No ano de 778, Carlos Magno fez uma incursão em terras da Espanha então invadidas pelos muçulmanos.

Entrementes, os saxões que ainda estavam em vias de se converter ao cristianismo, invadiram o outro lado do reino dos Francos, i. é pelo Reno.

Carlos Magno teve que voltar às pressas para defender a fronteira oriental da Cristandade.

Foi nessa ocasião que a retaguarda do seu exército sofreu uma emboscada e foi massacrada em Roncesvalles (Pirineus).

Na batalha pereceram Roland e os Doze Pares de França.

A épica tragédia e os heróicos lances de armas atribuídos aos Doze Pares chefiados por Roland e Olivier, empolgaram o ânimo dos medievais.

A batalha com suas façanhas era cantada nas praças por bardos.

Supõe-se que um monge anônimo de Cluny deu forma acabada a essas versões. Nasceu então a "Canção de Rolando", ou "Canção de Roldão".

Esta é vista pelos especialistas como uma espécie de manual das qualidades e das virtudes que um cavaleiro cristão devia pôr em prática.

No poema épico, a única referência de autoria fala de um certo "Turoldus" de quem nada se sabe.



Batalha de Roncesvales. Grandes Crônicas da França
Batalha de Roncesvales. Grandes Crônicas da França.
Os cavaleiros católicos por vezes, como na batalha de Hastings, entravam em combate cantando-a. Nela encontramos rasgos essenciais do espírito dos cruzados.

A versão escrita mais antiga da Chanson de Roland foi encontrada em Oxford, Inglaterra. Está transcrita em dialeto normando e data do século XI.

Como soaria essa canção em lábios medievais? Difícil dizé-lo. Mas, eis uma interpretação que nos dá margem para refletir.

O texto arcaico está adaptado ao francês hodierno e é acompanhado de uma tradução necessariamente livre.


Excerto nº1 : Roland cavalga pelo campo de batalha

Clique para ouvir :


Roland chevauche par le champ de bataille,
Roland cavalga pelo campo de batalha,

Il tient Durendal qui bien tranche et bien taille,
Levando Durendal, que bem corta e bem talha,

Des Sarraisins, il fait moult grand dommage,
Nos sarracenos, ele faz um grande estrago,

Vous l’auriez vu jeter mort l’un sur l’altre,
Se vós tivésseis visto, lancar morto um sobre o outro,

Leur sang tout clair glisser sur cette place,
Seu sangue jorrar abertamente neste lugar,

Couvert de sang le haubert et ses membres,
Com o elmo e seus membros cobertos de sangue,

Et du cheval, col et les épales,
E no cavalo, do pescoço aos ombros,

Et Olivier de férir ne retarde,
E Olivier não tarda para ferir,

Les douze pairs non doivent avoir blâme,
Os doze pares não merecem repreensão,

Et les Français se lancent et se frappent,
E os franceses lançam-se e se chocam,

Meurent païens ! Et bien d’autres se pâment.
Morrem os pagãos ! E muitos desfalecem !

Continua em 2º : O grande luto pela morte de Rolando




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