Um “papa verde” abalaria a combalida união dos católicos e da humanidade
O Outro Lado

Um “papa verde” abalaria a combalida união dos católicos e da humanidade


Card. Turkson: associando a linguagem ambientalista
com a da Teologia da Libertação.
Luis Dufaur





Kate Galbraith, jornalista especializada em energia e clima, escrevendo para Foreign Policy, ficou estranhada quando ouviu o cardeal Peter Turkson, presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz no Vaticano, falando diante de uma plateia modesta numa universidade católica da Irlanda.

Estranhada naturalmente não porque estivesse falando numa instituição da Igreja, da qual ele é um hierarca, mas pelo teor de suas palavras.

Com efeito, ao acentuar a importância de cuidar do meio ambiente – que obviamente não pode ser descuidado por toda pessoa razoável, e máxime cristã –, a linguagem do prelado aproximou-se rapidamente da Teologia da Libertação (TL).

Ora, até anos recentes a TL não se interessava pela natureza. Foi quando seus apelos à luta de classe perderam eco e aderentes, que ela também passou de vermelho para verde, ainda que só por fora.

A jornalista viu no pronunciamento do cardeal Turkson uma preparação para a ideia de os “ricos” são culpados pela pobreza também porque danificam o o meio ambiente. Afirmações como essa, segundo Kate, estariam semeando as bases de uma era de “guerras climáticas”.


Essas guerras de fato não existem. Há, sim, guerras marxistas de classe, como as tocadas pelas FARC na Colômbia; ou análogas, como as impulsionadas na Europa Central por Vladimir Putin, um saudosista da URSS, e as promovidas pelo Estado Islâmico ou o Boko Haram em nome do Corão, e ainda outras ditadas pela cobiça.

Só uma manipulação das palavras para esconder outros significados explicaria algo que pudesse ser aludido como “guerras climáticas”.

O que são as "guerras climâticas" envolvendo pobres contra ricos?
O cardeal referiu-se às “ameaças que surgem da desigualdade global e da destruição do meio ambiente que estão inter-relacionadas”.

Para a especialista, começou a parecer que a anunciada “encíclica sobre ecologia é uma dádiva para ambientalistas, e uma dor de cabeça para políticos conservadores que elevam a economia acima da ação climática”.

Kate lembrou que do Vaticano não só chegam apoios à Teologia da Libertação, mas também apoios às teorias ambientalistas.

O tema ambiental é mais científico e político, mas o papa Francisco tenta incluí-lo nas considerações religiosas.

“Não sei se (a atividade humana) é a única causa, mas principalmente, em grande parte, é o homem que esbofeteou o rosto da natureza”, disse o pontífice numa viagem à Ásia, quando conversou sobre mudança climática com o rei de Tonga e manifestou preocupação de que as Filipinas “provavelmente seriam gravemente afetadas por uma mudança climática”.

O cardeal Turkson tentou apoiar o ambientalismo radical no segundo capítulo do Gênesis, em que o homem é posto no Éden para “lavrá-lo e conservá-lo”, texto, aliás, tradicionalmente interpretado num sentido que desmente as elucubrações ambientalistas.

Porém, logo passou a emitir julgamentos contra os proprietários, como se eles não estivessem preservando suficientemente a Criação.

“Requeremos uma ‘conversão ecológica’, uma mudança radical e fundamental de nossas atitudes perante a criação, os pobres e as prioridades da economia global”, disse o prelado, evocando as increpações do ex-frei Boff ao capitalismo, acusado de predador.

Kate observou que o cardeal Turkson, bem como Papa que ele estava representando, poderiam evitar a questão politicamente polarizadora da ciência climática, esquivando-se de um debate que está atolado em deturpações de dados e não estimula ações para ajudar o planeta.

O mesmo religioso citou o Papa Francisco: “O que não é contestado é que nosso planeta está ficando mais quente”.

O Cardeal Turkson vem aproximando os movimentos sociais como o MST com a Santa Sé. Reunião Global de Movimentos Populares outubro 2014.
O Cardeal Turkson vem aproximando os movimentos sociais como o MST
com a Santa Sé. Reunião Global de Movimentos Populares outubro 2014.
Ora, é precisamente isso que está sendo mais do que contestado e o Papa emitiria um julgamento categórico e excludente numa matéria alheia à sua missão, favorecendo a agitação das esquerdas.

Para a jornalista, agindo assim o cardeal Turkson ateia uma discussão danosa que desmoraliza a sociedade baseada na propriedade privada, na livre iniciativa e na poupança ou capital. Portanto, na Lei de Deus.

Se a encíclica ecológica partir desses pressupostos acidentados e nunca demonstrados, provavelmente acabará multiplicando rachaduras entre os fiéis sob o atual pontificado.

Por certo, uma posição do Papa sobre o clima como a anunciada pelo cardeal, será recebida como  um estímulo para as esquerdas abraçarem Francisco, observou Kate.

Elas já comemoram o fim da linha estrita da Igreja quanto aos homossexuais e saúdam como vitória histórica o acordo que a diplomacia vaticana ajudou a forjar com Cuba.

Obviamente as pessoas seriamente engajadas em melhorar as condições da humanidade vão se sentir julgadas e condenadas por essa visualização.

Stephen Moore, economista-chefe da Heritage Foundation, chegou a escrever: “O papa Francisco — e digo isto como católico — é um completo desastre quando se trata de pronunciamentos políticos.”

Manipulação da temática ambientalista para estimular a luta de classes causará inúmeros danos e não resolverá os problemas ambientais.
Manipulação da temática ambientalista para estimular a luta de classes
causará inúmeros danos e não resolverá os problemas ambientais.
E acrescentou: “Sobre a economia, e agora sobre o meio ambiente, o Papa aliou-se à extrema esquerda e adotou uma ideologia que tornará as pessoas mais pobres e menos livres.”

Para que suscitar essas oposições?

Compreende-se, mas não se justifica, que esse desserviço provenha do ambientalismo mais radical, tendente ao tribalismo e ao comuno-indigenismo.

Mas vir logo da Santa Sé, que deveria ser o polo que une e harmoniza?

Kate prevê um auge de tensões quando o Papa visitar os EUA.

Francisco discursará perante as Nações Unidas, que tanto se empenham em promover a cultura da morte. Vai se reunir com Obama na Casa Branca e falará ao Congresso a convite do presidente da Casa, onde predomina a resistência à agenda climática de Obama, que elimina empregos, multiplica o intervencionismo estatal e empobrece os cidadãos.

O “satã” do ambientalismo radical, os EUA, não vai sair incólume dessa viagem. E os extremistas verdes já esfregam as mãos.

E o efeito desse entrechoque será sentido em todo o mundo.





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