Cardeal teme iminente capitulação vaticana diante do comunismo chinês
O Outro Lado

Cardeal teme iminente capitulação vaticana diante do comunismo chinês


O Cardeal Joseph Zen Ze Kiun teme iminente capitulação do Vaticano diante do comunismo chinês
O Cardeal Joseph Zen Ze Kiun teme
iminente capitulação do Vaticano diante do comunismo chinês
Luis Dufaur





O Cardeal Joseph Zen Ze Kiun, bispo emérito de Hong Kong, escreveu em seu blog: “Minha sorte está mais perto da do profeta Jeremias. Minhas lamentações destoam do coro universal, mas seja como for, não posso ser um cachorro que não late”, noticiou a agência AsiaNews.

E explicou: no início do ano passado, o jornal Wen Wei Po [N.R.: editado em Hong Kong pelo Partido Comunista da China] anunciava com júbilo que “as relações entre a China e o Vaticano logo teriam um bom desenvolvimento”.

Pouco depois, o Secretario de Estado do Vaticano, cardeal Parolin, disse que “as perspectivas são promissoras”.

“Eu não via fundamento algum para esse otimismo”, explicou o cardeal chinês. “Mais de mil cruzes foram tiradas do topo das igrejas (em alguns casos as próprias igrejas foram destruídas).

“Já não podemos nos iludir dizendo tratar-se de um episódio de zelo exagerado da parte de alguma autoridade local.

“São vários os seminários que não funcionam mais. Os estudantes do Seminário Nacional de Pequim são obrigados a assinar uma declaração de fidelidade à Igreja Independente, prometendo concelebrar com bispos ilegítimos.

“O governo está consolidando uma Igreja que objetivamente já está separada da Igreja Católica universal.

“Com tentativas de persuasão e ameaças, induzem o clero a praticar atos contra a doutrina e a disciplina da Igreja, renegando a própria consciência e dignidade.”



O Cardeal lembrou que o bispo Wu Qin-jing, de Zhouzhi, após dez anos de sagração, pôde ocupar sua diocese no último semestre de 2015, porém aceitando certo compromisso.


Logo depois, pela primeira vez no pontificado de Francisco I, foi sagrado um bispo. Trata-se de Zhang Yinlin, de Anyang. Ele foi escolhido por uma “eleição democrática” e um “decreto de nomeação da impropriamente chamada Conferência Episcopal Chinesa”. O bispo co-consagrante estava em situação canônica confusa.

Em outubro, uma delegação do Vaticano visitou Pequim. A Santa Sé nada informou. Mas o Pe. Jeroom Heyndrickx, ativista da Ostpolitik vaticana, disse que não puderam tratar problemas sensíveis, como os dos bispos presos, concentrando-se na nomeação de novos bispos.

Uma fórmula para nomear bispos estaria em discussão, mas o Cardeal Zen não foi informado.

Secretário de Estado vaticano, Card. Parolin, mostra simpatias pela teologia da libertação e pela ditadura comunista chinesa.
Secretário de Estado vaticano, Card. Parolin,
mostra simpatias pela teologia da libertação e pela ditadura comunista chinesa.
O Pe. Bernardo Cervellera, especialista em assuntos da China, escreveu que por informações fidedignas recebidas do continente, os novos bispos seriam votados democraticamente pelo “Conselho de bispos reconhecidos pelo governo”.

A Santa Sé aprovaria a eleição e só teria um débil poder de veto em casos “graves”. Mas se o governo comunista julgar que as razões da Santa Sé são “insuficientes”, o “Conselho de bispos” procederá adiante de qualquer jeito.

Para o Cardeal, este acordo não respeita a autoridade do Papa. Ele se pergunta se em boa lei o Papa Francisco poderia assiná-lo.

Bento XVI esclareceu: “A autoridade do Papa para nomear bispos foi dada à Igreja pelo seu fundador, Jesus Cristo, não é propriedade do Papa, e nem mesmo o Papa pode cedê-la a outros”.

Segundo o Cardeal, tudo se passa como se Roma não soubesse que a chamada Conferência Episcopal chinesa é ilegítima e simplesmente não existe.

Só existe a Associação Patriótica, que juntamente com a Conferência Episcopal é dirigida por membros do governo, que se manifestam abertamente como tais.

“Assinar um acordo desse tipo é como entregar nas mãos de um governo ateu a autoridade para nomear bispos”, conclui o Cardeal Zen.

Nem na Europa do leste no tempo da União Soviética aconteceu algo similar, acrescentou.

Bispos ilegítimos e até excomungados vêm abusando do poder sacramental e a Santa Sé parece não ter nada a dizer.

Eles participaram de sagrações episcopais e da chamada Assembleia dos Representantes dos católicos chineses, organismo simbólico de uma Igreja cismática.

Após a visita da legação vaticana, o governo obrigou todos os bispos, legítimos, ilegítimos e excomungados, a concelebrarem. “Esses são todos atos objetivamente cismáticos”, observou o Cardeal.

Se a Santa Sé assinar um acordo com o governo sem esclarecer todos esses pontos, causará una grave ferida na consciência dos fiéis, acrescentou.

O Vaticano ignora as “comunidades subterrâneas”, disse o Purpurado, que a seguir perguntou espantado:

“Para ‘salvar a situação’, o Vaticano vai abandonar nossos irmãos e irmãs? Mas, eles são os membros sãos da Igreja! Silenciar a comunidade subterrânea para não irritar o governo não é um suicídio?”

No plano diplomático, as comunidades clandestinas são a cartada que a Santa Sé pode jogar. Mas amputando esses membros, o que fica na mão de nossa diplomacia para induzir a outra parte a um acordo?, observou.

Papa Francisco tencionaria fazer concessões ao comunismo chinês que chocam a consciência dos católicos do país.
Papa Francisco tencionaria fazer concessões ao comunismo chinês
que chocam a consciência dos católicos do país.
O que falta então para o acordo, pergunta angustiado o Cardeal. “A única coisa que precisam é de uma assinatura do Santo Padre, uma bênção para essa ‘Igreja Chinesa’”.

“Depois dessa assinatura, Pequim não obrigará os fiéis da comunidade subterrânea a saírem e se entregarem aos bispos ilegítimos, talvez inclusive excomungados, que então, sem mostrar arrependimento algum, apoiando-se unicamente no governo, obteriam legitimidade e se converteriam em bispos de pleno direito?”

E continua o veterano e corajoso Cardeal: “O que não me deixa tranquilo é ver nosso Eminentíssimo Secretário de Estado ainda intoxicado pelo milagre da Ostpolitik.

“Num discurso comemorativo do Cardeal Agostino Casaroli, ele elogiou o sucesso de seu predecessor garantindo a existência da hierarquia da Igreja nos países comunistas da Europa do leste”.

“Ele disse: ‘escolhendo candidatos ao episcopado, elegemos pastores e não pessoas que se opõem sistematicamente ao regime, pessoas com a atitude de gladiadores, pessoas que gostam de se mostrar no cenário político’.

“Eu me pergunto: a quem [o Secretário de Estado] se referia fazendo essa descrição? Temo que ele estivesse pensando num cardeal Wyszynski, num cardeal Mindszenty, num cardeal Beran”.

“Mas esses são os heróis que defenderam com coragem a fé de seu povo!, exclamou o venerável cardeal. “Espanta-me pensar assim, desejaria estar me enganando”.

“No dia em que se assinar o acordo com a China haverá paz e alegria, mas não aguardem que eu participe nas celebrações do início dessa nova Igreja. Desaparecerei, vou começar uma vida monástica para orar e fazer penitência.

“Pedirei desculpas ao Papa Bento XVI por não ser capaz de fazer o que ele aguardava que eu fizesse. Pedirei ao Papa Francisco seu perdão para este velho Cardeal por tê-lo molestado com tantas cartas inapropriadas.

“Os Santos Inocentes foram assassinados e o anjo pediu a José que pusesse Maria e o Menino a salvo, fugindo. Hoje nossos diplomatas poderiam aconselhar José a tentar um diálogo com Herodes?





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