O Outro Lado
Refutando mitos nº 4 e 5 as Cruzadas foram colonialismo medieval e combateram os judeus
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O Oriente muçulmano: agressivo, poderoso e opulento |
continuação do post anteriorMito nº 5: as Cruzadas foram colonialismo europeu com ornato religioso
É importante lembrar que, na Idade Média, o Ocidente não era uma cultura poderosa e dominante, que se lançava sobre uma região primitiva ou atrasada.
Era o Oriente muçulmano que era poderoso, próspero e opulento.
A Europa era o terceiro mundo. O Reino Latino de Jerusalém, fundado após a Primeira Cruzada, não era um latifúndio católico incrustado em terras muçulmanas, como depois viriam a ser as terras de plantio em algumas colônias ibéricas ou inglesas na América.
A presença católica nesse Reino sempre foi mínima: menos de um décimo da população.
Católicos eram os governantes, os juízes, alguns mercadores italianos e os membros das ordens militares: o resto, a imensa maioria da população, era de muçulmanos.
O Reino de Jerusalém não era uma colônia agrícola nem industrial, como depois viriam ser as da América ou da Índia: era apenas uma cabeça-de-ponte fortificada.
A intenção primordial dos Cruzados era defender os Lugares Santos na Palestina – principalmente Jerusalém – e garantir um ambiente seguro para que os peregrinos cristãos pudessem visitá-los.
Nenhum país europeu funcionava como metrópole, no sentido de manter relações de exploração econômica, nem havia na Europa quem se beneficiasse economicamente com a ocupação.
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São Luís rei embarca para a Cruzada |
Muito pelo contrário: as despesas das Cruzadas e da manutenção do Reino Latino de Jerusalém ceifaram pesadamente os recursos europeus.
Como posto avançado, o Reino de Jerusalém manteve-se sempre atento ao seu papel militar.
Enquanto os muçulmanos guerrearam entre si o Reino esteve a salvo, mas quando se uniram, conseguiram conquistar as fortalezas, capturar as cidades e em 1291 expulsar os cristãos definitivamente.
Mito nº 5: as Cruzadas combateram também os judeus
Nenhum Papa jamais conclamou uma Cruzada contra os judeus.
Durante a Primeira Cruzada, um grande bando de arruaceiros – que não fazia parte do exército principal – decidiu atacar as cidades da Renânia para matar e roubar os judeus dali.
As razões para esse ato foram por um lado a pura cobiça, e por outro a falsa crença de que os judeus, por terem matado Jesus Cristo, eram também alvos legítimos das Cruzadas.
O Papa Urbano II e os seus sucessores condenaram energicamente esses ataques, e os bispos locais – juntamente com o clero e os leigos – fizeram o que podiam para defender os judeus, embora com pouco sucesso.
Algo parecido ocorreu na fase inicial da Segunda Cruzada, quando um grupo de renegados matou muitos judeus na Alemanha, até que São Bernardo os apanhou e pôs um fim a isso.
Essas falhas foram um infeliz subproduto do entusiasmo pelas Cruzadas, mas nunca o seu objetivo.
Para usar uma analogia moderna: durante a Segunda Guerra Mundial alguns soldados cometeram crimes quando estavam em outros países (pelos quais, aliás, foram presos e punidos), mas isso não justifica dizer que o objetivo da Segunda Guerra foi o de cometer crimes.
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Thomas F. Madden, Professor de História e Diretor do Centro de Estudos Medievais e Renascentistas na Universidade de Saint Louis, EUA |
(Autor: Thomas F. Madden. Fonte: Ignatiusinsight.com)
continua no próximo post
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