Queimadas são as menores dos últimos 650 anos, revelam amostras da Antártida
O Outro Lado

Queimadas são as menores dos últimos 650 anos, revelam amostras da Antártida


Fernando Reinach


A quantidade de vegetação queimada atualmente é a mais baixa dos últimos 650 anos, escrevedu o biólogo Fernando Reinach no “O Estado de S.Paulo”.

Estudos recentes demonstram que está errada a crença de que as queimadas seriam um mal derivado da expansão do moderno agronegócio.

Analisando a quantidade de monóxido de carbono presente em amostras de ar sequestrado nas camadas de gelo antárticas foi possível calcular a quantidade de biomassa queimada, a cada década, nos últimos 650 anos.



Ciência decifra segredos do gelo
Faz anos que os cientistas fazem furos em diversas regiões da Antártida e recuperam amostras de gelo de diferentes profundidades.

Todas elas contêm pequenas bolhas do ar da era em que o gelo se formou.

O estudo dessas amostras de ar já permitiu calcular tanto a quantidade de gás carbônico presente na atmosfera antes da revolução industrial quanto a temperatura da atmosfera no passado, acrescenta o biólogo.

Métodos sofisticados de análise permitem medir o monóxido de carbono decorrente da queima incompleta de biomassa. Essa medida serve de indicador da quantidade das queimadas no ano em que o ar fico preso no gelo.

E os resultados confirmam o que os cientistas haviam descoberto analisando o acúmulo de carvão em amostras de solo.

Entre 1350 e 1650 houve uma redução de aproximadamente 50% na quantidade de biomassa queimada.

Há 650 anos as queimadas não são tão fracas dizem amostras
Entre 1650 e 1850, a quantidade de biomassa consumida pelo fogo quase duplicou.

A partir de 1850 se observa uma queda rápida na quantidade de biomassa queimada.

Esta queda contínua faz com que a quantidade de biomassa queimada atualmente seja a menor dos últimos 650 anos.

Esses dados sugerem que nunca existiram tão poucos incêndios nas superfície do planeta quanto nas últimas décadas.

Se forem confirmados, os dados demonstram que nossa impressão, de que as queimadas acompanharam a colonização do planeta pelo homem, não corresponde à realidade, observa o cientista.

Nossa impressão de que a maioria das grandes queimadas é provocada pela atividade humana parece não ser verdadeira.

Queimadas: o juízo ambientalista precisa ser reformado
De uma coisa podemos ter certeza: esses novos dados vão provocar polêmica entre climatologistas e ambientalistas e provavelmente devem forçar uma revisão de alguns modelos de aquecimento global, conclui o biólogo Fernando Reinach.

Esperamos que mais esta valiosa constatação científica aporte bom senso ao debate sobre meio ambiente e expansão da agropecuária. Que não seja menosprezada pela religião “verde”.

Mais informações em: “Large variations in southern hemisphere biomass burning during the last 650 years”. Science vol. 330 pág. 1663, 2010

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