O Outro Lado
Nota da Arquidiocese de Olinda e Recife lava a honra do catolicismo brasileiro
Causou
estarrecimento no Brasil e no mundo um artigo censurando ao arcebispo de Recife pela simples constatação da excomunhão em que incorreram médicos e parentes que provocaram o aborto numa menina de Alagoinha (PE).
O deplorado artigo foi publicado na primeira página do prestigioso diário vaticano “L’Osservatore Romano”. E, para maior escândalo, leva a assinatura de uma personalidade eclesiástica das mais respeitadas, inclusive entre os defensores da vida.
Em atenção à alta dignidade de sua condição e à honra de nossa mãe a Santa Igreja atingida no caso preferimos não mencioná-lo. O texto do artigo completo pode ser baixado aqui.
Gostaríamos pensar que o distinto prelado foi objeto de alguma armação demagógica de certos padres de esquerda que andam falando mal do Brasil, e há tempos, no exterior.
O fato é que dito artigo deu a volta o mundo e suscitou indignação, pela injustiça em relação à Mitra arquidiocesana de Recife, pelo exagero irênico que parece de molde a apoiar a onda anticatólica que tenta desclassificar a moral católica e as sábias normas do Direito Canônico. E por isso mesmo se volta contra quem as aplica com fidelidade.
Enquanto aguardávamos uma correção do destacado eclesiástico e do jornal que publicou a infeliz matéria, tomamos conhecimento de
oportuna, respeitosa e clarividente defesa de D. José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Recife e dos sacerdotes que o acompanharam nessa ocorrência com tanto esforço e zelo pela vida, os bons costumes e as normas sábias da Igreja.Eis, a seguir, excertos desse esclarecedor documento. A íntegra pode ser lida no blog do Pe Edson Rodrigues que é, aliás, um dos que assina o oportuno texto.
Declaração da Arquidiocese de Olinda e Recife
A respeito do artigo intitulado “Dalla parte della bambina brasiliana” e publicado no L´OSSERVATORE ROMANO no dia 15 de março, nós, abaixo assinados, declaramos:
1. O fato não aconteceu em Recife, como diz o artigo, mas sim na cidade de Alagoinha (Diocese de Pesqueira).
2. Todos nós – começando pelo pároco de Alagoinha (abaixo assinado) -tratamos a menina grávida e sua família com toda caridade e doçura. Portanto,
fica evidente e inequívoco que ninguém pensou em primeiro lugar em “excomunhão”. Usamos todos os meios ao nosso alcance para evitar o aborto e assim salvar as TRÊS vidas.3. A Igreja em momento algum se fez omissa no hospital. De tal sorte que
o caso foi tratado com toda atenção devida da parte da Igreja e não “sbrigativamente” (nota: ligeiramente, precipitadamente) como diz o artigo.4. Não concordamos com a afirmação de que “a decisão é árdua… para a própria lei moral”.
Nossa Santa Igreja continua a proclamar que a lei moral é claríssima: nunca é lícito eliminar a vida de um inocente para salvar outra vida. Os fatos objetivos são estes: há médicos que explicitamente declaram que praticam e continuarão a praticar o aborto, enquanto outros declaram com a mesma firmeza que jamais praticarão o aborto.
5.
É falsa a afirmação de que o fato foi divulgado nos jornais somente porque o Arcebispo de Olinda e Recife se apressou em declarar a excomunhão. Basta ver que o caso veio a público em Alagoinha na quarta-feira, dia 25 de fevereiro,
o Arcebispo se pronunciou na imprensa no dia 03 de março e o aborto se deu no dia 4 de março. Seria demasiado imaginar que a imprensa brasileira, diante de um fato de tamanha gravidade, tenha silenciado nesse intervalo de seis dias. Assim sendo, a notícia da menina (“Carmen”) grávida já estava divulgada nos jornais antes da consumação do aborto. Somente então, interrogado pelos jornalistas, no dia 3 de março (terça-feira), o Arcebispo mencionou o cânon 1398.
Estamos convictos de que a divulgação desta penalidade medicinal (a excomunhão) fará bem a muitos católicos, levando-os a evitar este pecado gravíssimo. O silêncio da Igreja seria muito prejudicial, sobretudo ao constatar-se que no mundo inteiro estão acontecendo cinqüenta milhões de abortos cada ano e só no Brasil um milhão de vidas inocentes são ceifadas. O silêncio pode ser interpretado como conivência ou cumplicidade. Se algum médico tem “consciência perplexa” antes de praticar um aborto (o que nos parece extremamente improvável) ele – se é católico e deseja observar a lei de Deus - deve consultar um diretor espiritual.
6.
O artigo é, em outras palavras, uma direta afronta à defesa pela vida das três crianças feita veementemente por Dom José Cardoso Sobrinho e demonstra quanto
o autor não tem bases e informações necessárias para falar sobre o assunto, por total desconhecimento dos detalhes do fato. O texto pode ser interpretado como uma apologia ao aborto, contrariando o Magistério da Igreja. Os médicos abortistas não estiveram na encruzilhada moral sustentada pelo texto, ao contrário, eles praticaram o aborto com total consciência e em coerência com o que acreditam e o que ensinam.
O hospital que realizou o aborto na menininha é um dos que sempre realizam este procedimento em nosso Estado, sob o manto da “legalidade”. Os médicos que atuaram como carrascos dos gêmeos declararam e continuam declarando na mídia nacional que fizeram o que já estavam acostumados a fazer “com muito orgulho”. Um deles, inclusive, declarou que: “Já fui, então, excomungado várias vezes”.7. O autor arvorou-se do direito de
falar sobre o que não conhecia, e o que é pior,
sequer deu-se ao trabalho de conversar anteriormente com o seu irmão no episcopado e, por esta atitude imprudente, está causando verdadeiro tumulto junto aos fiéis católicos do Brasil que estão acreditando ter Dom José Cardoso Sobrinho sido precipitado em seus pronunciamentos. Ao invés de consultar o seu irmão no episcopado, preferiu acreditar na nossa imprensa declaradamente anticlerical.
Recife-PE, 16 de março de 2009
Pe Edson Rodrigues, Pároco de Alagoinha-PE - Diocese de Pesqueira
Mons. Edvaldo Bezerra da Silva, Vigário Geral - Arquidiocese de Olinda e Recife
Pe Moisés Ferreira de Lima - Reitor do Seminário Arquidiocesano; Dr. Márcio Miranda - Advogado da Arquidiocese de Olinda e Recife
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