Ninguém quer voltar ao 'paraíso verde' do horror e da mentira
O Outro Lado

Ninguém quer voltar ao 'paraíso verde' do horror e da mentira


O governo garante que a limpeza está muito avançada.
O governo garante que a limpeza está muito avançada.
Luis Dufaur




A agência oficial Xinhua anuncia que o local das pavorosas explosões no porto de Tianjin – desastre que continua não esclarecido – será transformado num “parque ecológico” e que as “tarefas de limpeza estão quase concluídas”.

Veja o que aconteceu em Tianjin

Porém, segundo o jornal espanhol “El Mundo”, o local ainda está muito longe da “normalidade” falsamente proclamada por Pequim. “Mais do que ‘ecológico’ – escreve o jornal –, o ambiente continua passando uma imagem que faz pensar em filmes de ciência-ficção”.

Caminhões do exército jogam jatos de água sobre os veículos para “descontaminá-los”, viaturas e dezenas de operários vestidos com grossos macacões bancos e usando escafandros, pulam entre montes de ruínas empilhadas sobre os depósitos de produtos químicos que explodiram.

Uma divisão de cavadeiras continua remexendo aquelas pilhas de entulho e ferragens onde talvez se encontrem algumas das dezenas de corpos dos desaparecidos.

A inépcia da operação é acentuada pelos charcos de água contaminada que continuam cobrindo um espaço imenso.

“Disseram-nos para levar os contendores embora, mas não sabemos para onde levá-los. Perigo? Não, se tudo isto aqui é tóxico, mas a empresa nos mandou usar trajes anticontaminação”, explicou um dos operários que trabalha na confusão.



A ironia popular rebatizou o local de “O Paraíso”. “Isso deveria chamar parque químico, e não parque ecológico”, disse um usuário do Weibo, a rede social controlada que substituiu o proibido Twitter.

“Acreditamos que esse será um dos parques onde não haverá necessidade de se colocar um cartaz dizendo: ‘Proibido tomar banho’”, escreveu o site Shanghaiist.com.

A área continua altamente contaminada.
A área continua altamente contaminada.
No sinistro “Paraíso” pululam cenas dantescas. Todos os inquilinos de uma urbanização próxima querem abandonar o local.

“Como vamos viver junto de uma fossa comum?”, explicou um dos moradores que catava seus objetos ainda aproveitáveis.

Os imensos prédios de apartamentos, que eram apresentados como “chiques”, estão abandonados, com as janelas arrebentadas e as portas violadas.

“O trauma foi profundo demais. Tudo isto está contaminado. Não podemos voltar a morar aqui”, disse um inquilino que não quis dizer seu nome para não sofrer represálias.

Carros destroçados ou incendiados acumulam-se nas ruas, enquanto o mesmo acontece com centenas de outros reduzidos à ferrugem calcinada em imensas praias.

Os moradores acumulam sobre o asfalto pilhas de colchões, roupas, mobília e ursinhos de peluche.

“É a melhor zona residencial da região”, rezam ainda os cartazes que rodeiam o “Paraíso”.

Os vizinhos reclamam indenizações ao governo. Este reconhece que as explosões danificaram 17.000 moradias e 170 sedes empresariais.

O governo oferece uma reparação que o morador Gen Hao explica ser insuficiente para recuperar o perdido. A população está revoltada. “Querem que assinemos um acordo, mas não o faremos”, sublinhou Gen.

Também os parentes dos bombeiros mortos no lutuoso episódio estão cheios de críticas. Alguns nem viram ainda os corpos dos falecidos.

Moradores acham um acinte a promessa socialista de “numa celebração da vida, criar um memorial para um meio ambiente mais habitável”
Moradores acham um acinte a promessa socialista de
“numa celebração da vida, criar um memorial para um meio ambiente mais habitável”
“Nossos filhos não foram objeto de qualquer cerimônia”, reclamou o pai de Zheng Guangliang, um dos falecidos.

A irmã de Jia Nailiang denunciou no jornal oficial South China Morning Post que o seu cadáver continua na morgue, mas que ela não pode sequer vê-lo.

Segundo a agência AFP, somente no primeiro semestre de 2015 morreram 26.000 operários em acidentes industriais. O que equivale a mais de 140 por dia.

O acidente de Tianjin provocou graves danos à atividade econômica do segundo porto da China.

A firma Resilinc advertiu para atrasos de vários meses no fornecimento de produtos, sobretudo devido à destruição do prédio onde funcionava a maior parte da burocracia do porto ficou.

O banco Crédit Suisse avaliou as perdas em entre 1 e 1,5 bilhões de dólares.

Para os chineses que ousam desafiar a espionagem e a repressão nas redes sociais, é um verdadeiro insulto o anúncio de que o governo vai construir no local um “parque ecológico” de 24 hectares com lago incluído, “numa celebração da vida, um memorial para ajudar a criar um meio ambiente mais habitável”.





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