O Outro Lado
Gerard d’Avesnes: herói até o holocausto vergou os muçulmanos
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Ruínas da fortaleza de Arsur |
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Luis Dufaur
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Arsur, cidade marítima situada entre Cesareia e Jaffa, recusava pagar o tributo imposto, depois da vitória de Ascalon: Godofredo e seus cavaleiros foram sitiar a praça.
Já os aríetes e as torres rolantes estavam colocados diante dos muros; vários assaltos tinham sido dados, quando os habitantes da cidade empregaram um meio de defesa que não era esperado.
Gerard d'Avesnes, que lhes havia sido dado como refém por Godofredo, foi atado à ponta de um mastro muito alto, que colocaram diante das muralhas, para onde se deviam dirigir todos os ataques dos cristãos.
À vista de uma morte inevitável e sem glória, esse infeliz cavaleiro soltava gritos dolorosos, rogando ao seu amigo Godofredo que lhe salvasse a vida por uma retirada voluntária.
Esse espetáculo cruel partiu a alma do rei de Jerusalém, mas não abalou sua firmeza, nem sua coragem.
Veio ele para perto de Gerard d'Avesnes, para que o ouvisse, e exortou-o a merecer por sua resignação a coroa do martírio.
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O heroísmo de Gerard d’Avesnes tocou até os muçulmanos |
“Eu não vos posso salvar, disse-lhe ele; quando mesmo meu irmão Eustáquio estivesse em vosso lugar, eu não poderia livrá-lo da morte. Morrei, pois, ilustre e bravo cavaleiro, com a resignação de um herói cristão. Morrei para a salvação dos vossos irmãos e para a glória de Jesus Cristo”.
Estas palavras de Godofredo deram a Gerard a coragem para morrer; recomendou aos seus antigos companheiros que oferecessem ao santo sepulcro seu cavalo de batalha e suas armas e pediu que se fizessem orações pela salvação de sua alma.
Godofredo e todos os guerreiros atacaram vigorosamente a cidade; mas foram repelidos. A neve e as chuvas do inverno vieram obrigá-los a levantar o cerco.
Godofredo voltou tristemente a Jerusalém com seus cavaleiros, deplorando a morte inútil de seu companheiro de armas.
Mas, uma semana ou duas depois de sua volta à cidade santa, qual não foi a sua surpresa e sua alegria, por ver chegar sobre um lindo cavalo o bravo Gerard d'Avesnes, cuja morte ele lamentava.
Os habitantes de Arsur, comovidos pela firmeza e pela heroica resignação do cavaleiro francês, haviam-no tirado do mastro, onde estava pendurado e o tinham feito levar ao emir de Ascalon, que o devolveu ao rei de Jerusalém.
Godofredo recebeu-o com grande alegria e para recompensar o seu devotamento, deu-lhe o castelo de Santo Abraão, construído nas montanhas da Judéia, à sudeste de Jerusalém.
(Autor: Joseph-François Michaud, “História das Cruzadas”, vol. II, Editora das Américas, São Paulo, 1956. Tradução brasileira do Pe. Vicente Pedroso, páginas 90 ss).
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