A lição do Parque das Emas: agronegócio e herbicida salvam reserva ecológica
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A lição do Parque das Emas: agronegócio e herbicida salvam reserva ecológica



O jornal “Valor” publicou sugestiva reportagem sobre o Parque Nacional das Emas, 132 mil hectares no Estado de Goiás.

Trata-se de uma das maiores unidades de conservação do Cerrado. Entretanto, seu ecossistema ‒ cuja preservação é razão de ser do Parque ‒ ameaça entrar em colapso.

Causa: o avanço do capim braquiária e de quatro outros tipos de gramíneas de rápida expansão.

Segundo a mitologia ambientalista verde, o ecossistema se auto-regula admiravelmente. A Mãe Terra intervém constantemente como deusa ciumenta para tudo sair bem, controlando os desequilíbrios que possam aparecer entre as espécies.



Só o homem e seu amaldiçoado agronegócio capitalista ‒ se ouvirmos a Vulgata verde ou da Campanha da Fraternidade ‒ estragam tudo.

A fantasia se rasgou no Parque das Emas. O administrador do parque, Marcos Cunha junto com sua equipe, após verem fracassar todos os métodos tradicionais para enfrentar a praga que comprometeu 10% da área, apelaram para o bom senso e a civilização.

Procuraram então a Monsanto, que ‒ segundo “Valor” ‒ em parceria inédita com o parque e os produtores rurais do entorno, distribuirá gratuitamente seu herbicida glifosato.

O desastre ambiental que parecia inevitável para os funcionários da reserva, isto é a vitória asfixiante do capim, agora poderá ser evitado.

Assim escreveu o jornal paulista:
Cunha e sua equipe já tentaram métodos tradicionais de combate da praga, sem sucesso. Fogo controlado. Lavagem das rodas de veículos que entram na unidade. Mudança da sede para a borda do parque, de forma a perturbar menos o ambiente. Carpinagem. Lona no chão para abafar as mudas. “Os animais pisotearam e rasgaram a lona”, diz ele, o que acabou emporcalhando o parque com destroços do tecido.

Por fim, procurou a Monsanto. “Não há outra saída: precisamos fazer o controle químico consorciado com outras técnicas. É um trabalho longo e difícil, mas a gente não pode deixar para amanhã porque amanhã é tarde”.

Até ambientalistas entrevistados pelo jornal cederam diante da evidência:

“As pessoas têm que entender que nem todas as plantas são legais e que nem todos os animais estão onde deveriam estar”, diz Sílvia Ziller, diretora do Instituto Hórus, de Santa Catarina.

Seu colega da The Nature Conservancy (TNC), Aurélio Padovezi, especialista em conservação, concorda: “Pessoalmente, acho que o cerne da questão seja extremismo ideológico, uma vez que o controle dessas espécies invasoras em larga escala é muito difícil (quase impossível)”.

Saudamos com simpatia este progresso do bom senso.

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