Pretexto para apedrejar a Igreja Católica e promover o aborto
O Outro Lado

Pretexto para apedrejar a Igreja Católica e promover o aborto


Le Figaro, Paris, 9 de março de 2009
Por vezes uma imagem é mais didática que um longo arrazoado. Usemos uma, entre outras possíveis.

Suponhamos ‒ queira Deus que nunca aconteça ‒ que um cidadão brasileiro se apresente ante um juiz e renuncie formalmente à sua nacionalidade. Para isto alega um crime hediondo acontecido.

O juiz, então, lhe faz ver as conseqüências legais do ato. Porém o cidadão deste exemplo reafirma seu repúdio do Brasil de modo inequívoco.

O juiz não tem outra alternativa senão constatar que o cidadão não é mais brasileiro.

Quem praticou o ato mais deplorável? O cidadão que renegou o Brasil ou o juiz que agiu segundo a lei?

Obviamente o ex-brasileiro é o mais digno de reprovação. O juiz cumpriu seu dever e merece todo o respeito.

Presidente Lula, ministro de Saúde Temporão, 1ª Conferência Nacional de GLBT, Fabio Rodrigues Pozzebom-ABr.Agora imaginemos os titulares da Internet, TV e jornais, no dia seguinte: “Juiz tira cidadania de brasileiro”. Embaixo as reportagens fazem finca-pé na falta de bondade e misericórdia do magistrado.

As entrevistas interrogam pessoas que já manifestaram oposição aberta às sentenças ou acórdãos do tribunal.

Elas todas, como se fossem membros de um mesmo coro, solidarizam-se com o “coitado” do ex-brasileiro desapiedadamente banido do número dos cidadãos por um juiz sem coração.

Imaginemos ainda que o chefe do coro puxe contra o juiz o qualificativo que ele reputa o pior de seu nutrido e singular repertório: conservador!

E, com grande repercussão midiática, acuse a Justiça de ser pior do que o ex-brasileiro além de estar “atrasada” (outro dos rótulos que ele acha mais depreciativos).

A barulheira da mídia local é ecoada pela mídia nacional. Os fatos objetivos que foram o ponto de partida da história ficam abafados pelo alvoroço.

Jornalistas correm atrás de teólogos da libertação. Eles que pregaram um Brasil desbrasileirado submisso a Havana e Moscou são ouvidos como autoridades imparciais. E descem a lenha no juiz deplorando a cruel sorte do ex-brasileiro que nesta fase do tumulto virou um “injustiçado”.

Libération, Paris, 11 de março de 2009A mídia internacional reproduz as últimas versões do caso. Desde Paris, jornais como “Libération” ou “Le Monde” tripudiam contra a decisão.

Apresentam-na como o cúmulo dos abusos perpetrados por um Judiciário que raciocina como no tempo da escravidão e não faz a reforma agrária (como se isto tivesse algo a ver com o caso).

Na Itália, certa imprensa multiplica o exagero por mil: Judiciário que vive na Idade Média, Inquisição queima-hereges; Torquemada sem entranhas nem escrúpulos.

Na Suíça, um famoso teólogo heterodoxo pede a renúncia do Supremo Tribunal Federal e a convocação de uma Assembléia universal número 3 para mudar todas as leis.

Bem fiquemos por aqui neste exemplo que parece história de doidos.

História de loucos?

Não. É o que está acontecendo. Basta trocar os personagens fictícios pelos verdadeiros.

É fácil.

Bom Jesus de Tremembé, SPUma equipe médica assassina dois gêmeos por nascer de uma juveníssima mãe violada. O arcebispo de Recife (o juiz do exemplo) constata que o Código de Direito Canônico (equivalente ao Código Civil e Penal brasileiro) define que os autores de esse crime moral se auto-excluíram da Igreja.

E o resto, o leitor perspicaz já intuiu.

O que há por trás dessa armação política, midiática pseudo-compassiva?

Na prática, é a Igreja Católica e a doce autoridade de Jesus Cristo que estão sendo apedrejadas à luz do dia.

Vários dos apedrejadores já antes lhe tiraram paus e cascalho de noite ou quando ninguém olhava. Agora não fazem cerimônia.

Em nome do laicismo de Estado e do humanitarismo a própria pena que inspira a jovem mãe que perdeu os filhos virou paralelepípedo arremessado contra a Esposa de Jesus Cristo.

E as crianças assassinadas?

Nossa Senhora do Carmo, Sao PauloO Sinédrio da mídia e o coro de seus entrevistados não têm pena delas.

Até comemoram sua rápida eliminação despedaçadas, ou aspiradas, ou envenenadas. Em fim, abortadas.

Choram e rezam por elas, isso sim, os brasileiros de coração reto, que amam a vida, a Santa Igreja Católica e veneram a dignidade do juiz que cumpriu seu dever.

Eles compreendem que esta terra é um vale de lágrimas, beijam uma imagem de Nossa Senhora implorando-lhe que o Brasil nunca deixe de ser a Terra de Santa Cruz.


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