O Outro Lado
Pretexto para apedrejar a Igreja Católica e promover o aborto
Por vezes uma imagem é mais didática que um longo arrazoado. Usemos uma, entre outras possíveis.
Suponhamos ‒ queira Deus que nunca aconteça ‒ que um cidadão brasileiro se apresente ante um juiz e renuncie formalmente à sua nacionalidade. Para isto alega um crime hediondo acontecido.
O juiz, então, lhe faz ver as conseqüências legais do ato. Porém o cidadão deste exemplo reafirma seu repúdio do Brasil de modo inequívoco.
O juiz não tem outra alternativa senão constatar que o cidadão não é mais brasileiro.
Quem praticou o ato mais deplorável? O cidadão que renegou o Brasil ou o juiz que agiu segundo a lei?
Obviamente o ex-brasileiro é o mais digno de reprovação. O juiz cumpriu seu dever e merece todo o respeito.
Agora imaginemos os titulares da Internet, TV e jornais, no dia seguinte: “Juiz tira cidadania de brasileiro”. Embaixo as reportagens fazem finca-pé na falta de bondade e misericórdia do magistrado.
As entrevistas interrogam pessoas que já manifestaram oposição aberta às sentenças ou acórdãos do tribunal.
Elas todas, como se fossem membros de um mesmo coro, solidarizam-se com o “coitado” do ex-brasileiro desapiedadamente banido do número dos cidadãos por um juiz sem coração.
Imaginemos ainda que o chefe do coro puxe contra o juiz o qualificativo que ele reputa o pior de seu nutrido e singular repertório: conservador!
E, com grande repercussão midiática, acuse a Justiça de ser pior do que o ex-brasileiro além de estar “atrasada” (outro dos rótulos que ele acha mais depreciativos).
A barulheira da mídia local é ecoada pela mídia nacional. Os fatos objetivos que foram o ponto de partida da história ficam abafados pelo alvoroço.
Jornalistas correm atrás de teólogos da libertação. Eles que pregaram um Brasil
desbrasileirado submisso a Havana e Moscou são ouvidos como autoridades imparciais. E descem a lenha no juiz deplorando a cruel sorte do ex-brasileiro que nesta fase do tumulto virou um “injustiçado”.
A mídia internacional reproduz as últimas versões do caso. Desde Paris, jornais como “Libération” ou “Le Monde” tripudiam contra a decisão.
Apresentam-na como o cúmulo dos abusos perpetrados por um Judiciário que raciocina como no tempo da escravidão e não faz a reforma agrária (como se isto tivesse algo a ver com o caso).
Na Itália, certa imprensa multiplica o exagero por mil: Judiciário que vive na Idade Média, Inquisição queima-hereges; Torquemada sem entranhas nem escrúpulos.
Na Suíça, um famoso teólogo heterodoxo pede a renúncia do Supremo Tribunal Federal e a convocação de uma Assembléia universal número 3 para mudar todas as leis.
Bem fiquemos por aqui neste exemplo que parece história de doidos.
História de loucos?
Não. É o que está acontecendo. Basta trocar os personagens fictícios pelos verdadeiros.
É fácil.
Uma equipe médica assassina dois gêmeos por nascer de uma juveníssima mãe violada. O arcebispo de Recife (o juiz do exemplo) constata que o Código de Direito Canônico (equivalente ao Código Civil e Penal brasileiro) define que os autores de esse crime moral se auto-excluíram da Igreja.
E o resto, o leitor perspicaz já intuiu.
O que há por trás dessa armação política, midiática pseudo-compassiva?
Na prática, é a Igreja Católica e a doce autoridade de Jesus Cristo que estão sendo apedrejadas à luz do dia.
Vários dos apedrejadores já antes lhe tiraram paus e cascalho de noite ou quando ninguém olhava. Agora não fazem cerimônia.
Em nome do laicismo de Estado e do humanitarismo a própria pena que inspira a jovem mãe que perdeu os filhos virou paralelepípedo arremessado contra a Esposa de Jesus Cristo.
E as crianças assassinadas?
O Sinédrio da mídia e o coro de seus entrevistados não têm pena delas.
Até comemoram sua rápida eliminação despedaçadas, ou aspiradas, ou envenenadas. Em fim, abortadas.
Choram e rezam por elas, isso sim, os brasileiros de coração reto, que amam a vida, a Santa Igreja Católica e veneram a dignidade do juiz que cumpriu seu dever.
Eles compreendem que esta terra é um vale de lágrimas, beijam uma imagem de Nossa Senhora implorando-lhe que o Brasil nunca deixe de ser a Terra de Santa Cruz.
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