O Outro Lado
Outra crise de 1929 à vista?
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A pirâmide financeira chinesa desabando será um 'Deus nos acuda'. |
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Luis Dufaur
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The Telegraph diz que em círculos seletos da City londrinense está se falando da “China’s 1929”, comparando sua presente crise com a mais famosa catástrofe econômica da História, ou a Grande Depressão.
O paralelismo com 1929 entra pelos olhos, pois é forte demais. A China disparou os empréstimos sem fundos e fechou os olhos para uma especulação furiosa. E com base em meras conversas, criou uma bolha descomunal. O dia que alguém procurou realizar algo foi o dia do “Deus nos acuda”.
Quando a China informou que o PIB do segundo trimestre atingiu 7% em relação ao mesmo período de 2014, ninguém acreditou. Não só a previsão era menor como o número coincidia de modo suspeito com a meta fixada pela planificação socialista, observou
The Wall Street Journal.
Em poucas palavras, o realismo foi derrotado e a utopia da economia dirigista triunfou. Pequim optara mais uma vez pela irrealidade.
Os resultados das empresas instaladas em território chinês apontavam no sentido da realidade: os mercados mundiais estão se retraindo, o consumo cai e os produtos chineses não são vendidos como antes.
A
United Technologies informou que as encomendas de elevadores
Otis caíram 10% e que uma pronunciada diminuição também seria registrada nas ordens de equipamentos de aquecimento, ventilação e ar condicionado.
No dia anterior, a
International Business Machines – IBM havia informado que seus lucros na China caíram 25%.
Esses números negativos sinalizam a profundidade da retração. Segundo dados do Departamento de Comércio Americano referidos pelo
Wall Street Journal, o valor das exportações americanas para a China baixou 6,1% nos primeiros cinco meses de 2015 em comparação com o mesmo período de 2014.
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A atividade industrial e comercial chinesa foi afetada e os efeitos recíprocos atingem parceiros em todo o planeta. |
Em junho, os portos de Long Beach e Los Angeles tiveram uma queda de 9,7% no embarque de containers para o gigante asiático.
A Apple disse que suas vendas estavam bem, mas parece ser a exceção. A Microsoft lamentou as condições macroeconômicas na China e a empresa de software VMware noticiou que pela primeira vez teve uma significativa diminuição de negócios no país.
A crise chinesa está afetando a economia americana e ajudando a deprimir os preços das matérias-primas. Grandes volumes de produtos chineses não estão tendo escoamento, prejudicando os fabricantes ocidentais instalados na China.
A diminuição da atividade é perceptível em quase todos os setores.
“Os EUA em 1929 e a China na atualidade se encontram em fases similares. O dinheiro tomado em empréstimo, ou o investimento com financiamento sem garantia, desempenhou um papel muito importante nesses dois estouros de excesso especulativo”, escreveu Jeremy Warner, um dos principais analistas econômicos da Grã-Bretanha, citado por La Nación de Buenos Aires.
Em meio à desaceleração econômica, milhões de chineses correram atrás das facilidades oferecidas pelo governo para promover investimentos na bolsa e reaquecer sua atividade.
Foi um inchaço doentio vertiginoso, ou uma arapuca de um governo em desespero.
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Dezenas de milhões de chineses migraram para as cidades, trabalharam muito duro, pouparam com sangue e agora podem se revoltar em massa. |
“O crescimento maluco dos investimentos de indivíduos que obtiveram enormes quantias em empréstimos é similar ao da crise de 1929 nos EUA, especialmente para aquelas pessoas que investiram pesadamente no auge”, explicou Darrell Duffie, professor de Negócios e Finanças da Universidade de Stanford.
Quando a bolha estava para estourar, o governo do presidente Xi Jinping lançou uma demagógica campanha apelidada de “luta patriótica” para segurar as cotações, aliviar o pânico no mercado e devolver confiança aos investidores.
O intervencionismo durou pouco. As Bolsas de Xangai e Shenzen se estabilizaram durante breves dias.
Em 2013, Xi Jinping anunciara solenemente: “A prosperidade da China deve se basear na economia real e não em bolhas”.
Contradizendo tudo o que tinha dito, em 2014 ele incitou o mercado a criar a talvez maior bolha financeira da História.
O ano de 2015 poderá assistir ao estouro da bolha. O culpado de tudo será fácil de encontrar: os corruptos que tentaram aplicar o malfadado capitalismo, explorando as pobres vítimas do aquecimento global de fonte capitalista.
Na
Encíclica Laudato Si' encontram-se os argumentos já feitos.
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