O Outro Lado
Investidores em “energias renováveis” veem suas aplicações sumirem com o vento
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As tecnologias estão imaturas, e montes de problemas e consertos tornaram-nas ainda mais complicadas e caras |
O investimento em “energias renováveis” prometeu lucros pecuniários anuais acima dos 20%.
A promessa foi-se com o vento: os investidores alemães fogem desse sonho assim que podem, escreveu a revista alemã “Der Spiegel”.
Diante de dez equipes de TV e 50 jornalistas, Carsten Rodbertus subiu ao pódio da
Prokon para anunciar: falimos!
Rodbertus é o fundador da
Prokon, que, por sua vez, era considerada uma das mais experientes na produção dessas energias
Centenas de empregados da
Prokon que nos últimos dias chegaram a trabalhar 12 dias consecutivos durante 12 horas por dia para evitar a concordata, concederam seu ultimo aplauso ao fundador do sonho que se foi.
Rodbertus contou que os investidores tinham aplicado na firma €1,4 bilhões, mas que agora diante da falta de resultados muitos deles estão reclamando o dinheiro de volta.
A
Prokon teve que pedir concordata e 75.000 acionistas ficaram a ver navios.
Tribunais e varas da Alemanha estão se enchendo de processos de investidores que não estão sendo retribuídos como prometido e que alegam manobras confusas e falta de transparência, informou “Der Spiegel”.
No setor verde, a concordata da
Prokon e a redução dos favorecimentos oficiais para as energias alternativas suscitam ainda maiores temores de fuga de aplicadores.
Os mais recentes estudos apontam que os aplicadores podem se achar com sorte se recuperam apenas o dinheiro que investiram há 20 anos.
Werner Daldorf, chefe do
Comité de Investimentos da Associação Alemã para Energia Eólica, fez 1.150 relatórios para aconselhar investidores.
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Prometiam pagar 270% em vinte anos, mas apenas chegam a 2,5% anual |
Tendo estudado mais de 170 parques eólicos comerciais em mais de 10 anos, Daldorf concluiu que os investidores receberam um retorno de 2,5% em média.
“Em dez anos, isso significa um retorno de 25%, quando a perspectiva era entre 60% e 80%”, diz Daldorf.
Ainda que o momento econômico vier a melhorar, só os parques eólicos em locais muito favoráveis poderão ser lucrativos.
Um quinto daqueles cujos orçamentos são analisáveis, deixaram de pagar pelo menos uma vez dividendos maiores de 2%, acrescenta Daldorf.
É o drama do aposentado Volker Hippe, narrado por “Der Spiegel”. Há treze anos ele aplicou os €35.000 de um seguro de vida obtido pela morte de sua mulher para legá-los para seus filhos então minores de idade.
Hippe investiu num parque eólico da Saxônia-Anhalt que prometia um retorno inicial anual de 5 a 6%, e mais de 20% a partir de 2012. Mas, há já um longo tempo que os pagamentos cessaram.
Uma das maiores causas de desventuras como essas, escreve a revista alemã, são certos bancos. Hippe caiu no
UmweltBank (Banco Ambiental), especializado em investimentos “verdes”.
Num caderno informativo de 2001, o
UmweltBank promovia aplicações “num campo eólico solidamente calculado” como sendo “um suplemento ideal para a aposentadoria”.
Acontece também, diz ironicamente “Der Spiegel”, que a Mãe Natureza nem sempre cooperou. As previsões climáticas em que se fundavam as aplicações com frequência foram ilusórias.
Um erro para abaixo de 10% na velocidade dos ventos pode abaixar a produção de energia em 30%.
A
Breeze Two Energy de Darmstadt lançou ações no mercado por €470 milhões, prometendo ganhos de entre 5,3 e 6,1%.
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Janeiro 2014: Carsten Rodbertus, fundador da empresa de energia renovável Prokon, declara-a inademplente |
Mas, a empresa teve perdas significativas entre 2008 e 2011. Pelo fim de 2011, o balanço da companhia só contabilizava €205,5 milhões.
Ela evitou a falência pelo auxílio prestado por uma mudança das leis alemãs. Mas muitos sofreram a perda de suas poupanças.
Mesmo drama vivem os pequenos investidores da
Prokon. O chefe Rodbertus pretende vender parte de seus parques para devolver o dinheiro. Mas não é claro quando e como os poupadores voltarão a ver seu pecúlio de novo, observa “Der Spiegel”.
Tal vez não só não pague os interesses, mas tampouco possa devolver o capital. Esse poderá ser o caminho previsível do negócio no futuro.
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