Cartas em produtos chineses trazem apelos desesperados
O Outro Lado

Cartas em produtos chineses trazem apelos desesperados


A carta apelo do prisioneiro torturado
A carta apelo do prisioneiro torturado diz,
entre outras coisas, que além das violências,
trabalham sem cessar "quase sem pagamento"
isto é, recebem 10 yuan por mês = R$ 3,89 !!!

Julie Keith, uma mãe do Oregon (EUA), enregelou-se ao encontrar uma carta meticulosamente oculta dentro de um pacote para Halloween “made in China” que ela comprou na loja Kmart.

Grafada num inglês trêmulo, a mensagem imergiu-a num cenário de horror pelo qual ela jamais imaginaria que pudesse passar.

O autor estava preso num campo de trabalho forçado em Masanjia, no norte da China, trabalhando 15 horas diárias durante toda a semana sob o látego de desapiedados guardas.

“Se você comprar este produto, por favor, mande esta carta para a Organização Mundial de Direitos Humanos”, leu Julie. “Milhares de pessoas na China, que sofrem a perseguição do Partido Comunista, ficar-lhe-ão gratas para sempre”.

Quanto ao preço que os comunistas pagam por sua liberdade e pela dos demais presos, Zhang diz na carta que é “quase não pagamento”, pois os 10 yuans mensais por ele referidos equivalem a 3,89 reais!

Julie encaminhou ao governo esta carta que era mais um dramático apelo à comunidade internacional para a realidade do regime escravagista chinês encravado na “reeducação através do trabalho”. A reportagem é do influente “The New York Times”.


Na realidade, a carta provinha de uma das tantas colônias penais onde não se sabe quantos críticos do governo, religiosos, simples cidadãos “caçados” para completar o número de trabalhadores e pequenos criminosos podem passar quatro anos sem julgamento segundo a lei. A galáxia do horror.

Fato singular: Zhang, 47 anos, ex-detento de Masanjia, confessou recentemente ser o autor da carta. Reconheceu que essa foi uma das mais de 20 cartas que na fábrica-prisão onde se achava confinado ele colocou em produtos destinados ao Ocidente.

Julie Keith não podia acreditar:  a tragédia entrou em seu lar num produto "made in China"
Julie Keith não podia acreditar:
a tragédia entrou em seu lar num produto "made in China"
Muitos ex-detentos que como Zhang conseguiram sair do universo carcerário socialista chinês descreveram um quadro de abusos estarrecedores, espancamentos frequentes e privação de sono de prisioneiros acorrentados semanas a fio em posições doloridas.

A morte de colegas por suicídio ou doenças fazia parte do pão quotidiano.

“Às vezes os guardas puxavam-me pelos cabelos, colavam na minha pele barras ligadas à eletricidade, até que o cheiro de carne queimada enchia a sala”, disse Chen Shenchun, 55, que passou dois anos num desses campos.

A maioria dos escravos-operários de Masanjia foi presa por causa de sua crença. Mas o regime os mistura com prostitutas, drogados e ativistas políticos. As violências se concentram naqueles que se recusam a renegar sua fé.

Os chefes do campo de concentração não atendem pedidos de entrevista. Também os guardas temem abrir a boca. Um deles respondeu segundo a cartilha oficial: “Não há prisioneiros aqui. São todos estudantes.”

Tampouco quiseram dar entrevista os executivos da Sears Holdings, dona da loja Kmart que vendeu o pacote com a carta. Afinal de contas, ficam parecendo escoadouros de um negócio sinistro.

Um porta-voz da empresa declarou que a investigação interna realizada após a descoberta da carta nada teria encontrado no sentido do uso de trabalho escravo nos produtos que vende. A falta de transparência informativa da empresa ficou pior quando o referido porta-voz se recusou a dar o nome da fábrica chinesa envolvida no caso.

Zhang estava proibido de ter canetas e papéis, mas surrupiou-os num escritório enquanto fazia limpeza.

Sede de comando do campo de concentração de Masanjia
Sede de comando do campo de concentração de Masanjia
Ele redigia enquanto seus colegas de cela dormiam, e escondia as cartas dentro das barras de ferro do beliche até começar a embalagem dos produtos destinados ao Ocidente.

Julie conta: “Quando abri a caixa e minha filha encontrou a carta, duvidei que fosse verdade. Mas então pesquisei no Google ‘Masharjia’ e vi que esse não era um lugar legal” – declarou.

Ela repassou a carta a um órgão governamental americano. A matéria é explosiva e a administração Obama adota uma atitude de subserviência diante das práticas inumanas chinesas.

No fim, um porta-voz do governo defendeu que casos complicados como esse levam muito tempo para serem averiguados.

Ou seja, é para nunca serem esclarecidos e nenhuma decisão proporcionada ser adotada.

Como no caso de Zhang...

Da próxima vez que o leitor for comprar algum produto chinês, pense na tragédia que pode estar levando para casa.





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