O Outro Lado
Batalha das Navas de Tolosa: decisiva para a expulsão do Islã invasor
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Navas de Tolosa: a batalha prototípica entre a Cruz e a Meia-lua |
Em 1212, a onda invasora dos muçulmanos almoades, seita fanática de tipo fundamentalista, ameaçava tomar conta da Península Ibérica.
O Papa Inocêncio III convocou, então, uma Cruzada para deter o perigo, que ameaçava toda a Europa.
Para liderar as forças católicas foi escolhido o rei Afonso VIII de Castela, avô de São Fernando III.
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Natal num castelo da França |
Integravam a santa coligação Sancho VII, rei de Navarra; Pedro II, rei de Aragão; um exército enviado por Afonso II, rei de Portugal; cavaleiros do reino de Leão e das ordens militares de Santiago, Calatrava, Templários e Hospitalários, entre outras, além de um grande número de cavaleiros franceses.
Entre os convocados estrangeiros figuravam também três bispos das cidades francesas de Narbonne, Bordeaux e Nantes.
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O rei Sancho da Navarra quebrou o cerne dos fanáticos islâmicos |
Afonso de Castela obteve a declaração papal de cruzada que facilitou a ajuda das Ordens Militares e impediu, sob pena de excomunhão, que os muçulmanos obtivessem ajuda de cristãos interesseiros que porventura tentassem se apropriar de bens dos que haviam partido ao combate.
Nessa batalha os dois lados empenharam todo o seu poderio militar e o melhor de suas forças.
O rei Afonso foi o grande articulador da aliança vencedora e teve o arguto senso de oportunidade para escolher o momento da batalha, que preparou com quase dez anos de antecedência.
Sabia que a mesma selaria o destino da península.
O exército mouro, segundo as crônicas da época, chegava a ter 300.000 ou 400.000 homens comandados pelo califa Muhammad Al-Nasir (Miramamolín para os cristãos).
Por sua vez, os católicos eram 70.000 e constituíam um dos maiores exércitos já reunido na península sob o signo da Cruz.
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Nunca lutaram dois exércitos tão grandes na longa guerra da Reconquista |
Registrado nas crônicas da época simplesmente como “A Batalha”, o enfrentamento aconteceu perto de Navas de Tolosa, na Espanha.
A derrota esmagadora infligida naquela data pelos aliados castelhanos, navarros, aragoneses e portugueses aos sarracenos contribuiu decisivamente para a queda do domínio muçulmano na Península Ibérica.
A batalha foi antecedida por escaramuças e um jogo de estratégias que começaram em 13 de julho de 1212. Ambos os lados buscavam a melhor posição e o melhor terreno para a luta.
Por fim, os árabes ficaram mais bem posicionados, sobre uma colina, enquanto os cristãos teriam que avançar “morro acima”.
O embate final aconteceu em 16 de julho.
As forças de Castela, que formavam o maior contingente, agiram no centro, apoiadas nos flancos pelos reis cristãos de Navarra (Sancho) e de Aragão (Pedro).
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O heroísmo de Diego López II de Haro e seu filho empolgou os católicos |
O rei de Portugal e os cavaleiros franceses – com exceção de um pequeno número – não chegaram a participar.
O rei Afonso simulou uma força de infantaria central fraca para atrair o inimigo, que caiu na armadilha.
Em seguida deslanchou uma carga de cavalaria pesada, que foi decisiva para a vitória cristã.
Porém, o combate teve um momento angustiante, quando as tropas almoades conseguiram rodear e isolar o centro do exército castelhano.
Muitos então fugiram, mas não o capitão vascaíno Diego López II de Haro e seu filho, que aguentaram heroicamente na posição junto ao capitão castelhano Núñez de Lara e às Ordens Militares.
A resistência desse punhado de heróis encheu de brios a reis e cavaleiros cristãos, que se jogaram no auxílio deles com o resto de suas tropas.
Os reis avançaram numa carga irrefreável contra os flancos do exército mouro.
Por sua vez, com duzentos cavaleiros, o rei Sancho VII de Navarra atacou diretamente o acampamento do califa Al-Nasir.
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O rei Sancho de Navarra quebrando a elite maometana tirou dos infiéis a vontade de resistir |
E perfurou as últimas defesas islâmicas formadas pelos
im-esebelen, tropa de elite árabe que se enterrava no chão ou se afixava com correntes ao local para mostrar que não fugiria.
O acampamento estava rodeado de correntes defensivas, que os navarros foram os primeiros em quebrar.
Crê-se que foi por esse feito que as correntes entraram simbolicamente no brasão do reino de Navarra.
A guarda pessoal do califa sucumbiu sem arredar, mas assim que percebeu a batalha perdida, o próprio An-Nasir procurou a salvação na fuga, passando pusilanimidade a seus seguidores.
Sabedor por experiências anteriores de que os derrotados se reorganizariam para novos embates, o rei Afonso ordenou que aos muçulmanos, que batiam em retirada desorganizada, fosse dado um trato inclemente.
A crônica chega a afirmar que foram mortos na escapada tantos muçulmanos quantos o foram durante a batalha.
A precipitada fuga de An-Nasir deixou um incalculável botim de guerra.
A peça mais preciosa é a bandeira, ou pendão de Las Navas, hoje conservado no Mosteiro de Santa Maria la Real de Las Huelgas, na cidade de Burgos.
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Pendão islámico ganho na Batalha. Mosteiro de Las Huelgas, Burgos |
Muitos outros troféus da batalha se encontram hoje na igreja de São Miguel Arcanjo de Vilches.
Eles incluem a Cruz do Arcebispo D. Rodrigo, uma bandeira e uma lança dos fanáticos que custodiavam a Miramamolín, e a casula com que o senhor arcebispo oficiou missa no dia do colossal enfrentamento guerreiro para implorar a vitória das armas cristãs.
Os árabes da Península Ibérica nunca mais se recuperaram dessa derrota.
A partir daquele momento, o rei Afonso os manteve em situação de desvantagem permanente.
A batalha deu início à superioridade militar, econômica e política dos reinos católicos e demarcou definitivamente o início da decadência da civilização árabe na Península Ibérica.
A obra do rei Afonso foi completada brilhantemente pelo seu neto São Fernando III de Castela, que conquistou as grandes capitais árabes da Andaluzia.
Além disso, submeteu à vassalagem o emir de Granada, cidade onde ficou o último quisto muçulmano na Europa, até ser definitivamente expulso pelos Reis Católicos em 1492.
Fontes bibliográficas
1) “La batalla de las Navas de Tolosa : historia y mito”. María Dolores Rosado Llamas y Manuel Gabriel López Payer, Jaén: Caja Rural, 2001.
2) “Batallas decisivas de la Historia de España”. Juan Carlos Losada, Punto de Lectura, 2004.
3) Huici Miranda, Ambrosio: “Las grandes batallas de la reconquista durante las invasiones africanas”, 2000, Editorial Universidad de Granada.
4) Batista González, Juan: “España estratégica. Guerra y diplomacia en la historia de España” (cap. 4: De Covadonga a Las Navas de Tolosa), Madri, 2007.
5) Willian Weir, “50 Battles That Changed the World”, pp. 186 a 189.
6) “El Pais”, “La Batalla de las Navas de Tolosa: El día D de la Reconquista”, Madri, 16-7-2012.
7) Modesto La Fuente, “Historia General de España”, Tomo V, 1851, pp. 208 a 249.
8) Martín Alvira-Cabrer, “Las Navas de Tolosa, 1212. Idea, liturgia y memoria de la batalla”, Sílex, Madrid, 2012.
9) Philippe Conrad, “16 juillet 1212: Las Navas de Tolosa, un moment décisif”, La Nouvelle Revue d'Histoire, nº 61, julho-agosto 2012, p. 20-23.
10) Jean Watelet, “Les Batailles les plus sanglantes de l'histoire”, ed. Famot, 1977.
11) García Fitz, Francisco, “Las Navas de Tolosa”, Ariel, Barcelona 2005.
12) García Fitz, Francisco, “Was Las Navas a decisive battle?”, in: Journal of Medieval Iberian Studies (JMIS), vol. 4, no. 1, 5–9.
13) Nafziger, George F. e Mark W. Walton, “Islam at War: a history”, Greenwood Publishing Company, 2003.
14) O’Callaghan, Joseph F., “Reconquest and crusade in medieval Spain”, University of Pennsylvania Press, Philadelphia PA 2004.
15) Setton, Kenneth Meyer, “A History of the Crusades”, University of Wisconsin Press, 1975.
16) Vara Thorbeck, Carlos, “El lunes de las Navas”, Universidad de Jaén, 1999. “Las Navas de Tolosa: 1212, la batalla que decidió la Reconquista”, Edhasa, Barcelona 2012.
17) “Batalla de Las Navas de Tolosa”, Wikipedia, http://es.wikipedia.org/wiki/Batalla_de_Las_Navas_de_Tolosa.
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