O Outro Lado
Absurdos econômicos para obedecer às Olímpicas exigências ideológicas do socialismo
Durante os Jogos Olímpicos de Pequim houve uma queda de 20% no número de turistas estrangeiros, em relação à igual período de 2007.
Os dados são oficiais da Secretaria para o turismo. A queda deu-se apesar do corte no preço dos quartos e serviços.
A queda foi atribuída às dificuldades postas pelo regime policialesco à entrada de estrangeiros, alegando “motivos de segurança interna”, explicou AsiaNews.
Por sua vez, o diário “The Sunday Times” de Londres noticiou que milhares de camponeses chineses foram jogados na miséria porque água indispensável à agricultura foi desviada para garantir as necessidades dos Jogos Olímpicos.
A revelação da falta dessa infra-estrutura básica era inconveniente para a propaganda do regime, que fez tudo para “suprimí-la”.
A apenas 90 minutos ao sul de Pequim de trem, reportou “The Sunday Times”, descobria-se uma outra realidade.
Não era a olímpica falácia festiva da capital comunista: terras secas, plantações em agonia, camponeses beirando o desespero, endividados, e em certos casos se suicidando.
Entre as duas Chinas ‒ a da tapeação ideológica e a da realidade ‒ erguia-se um cordão sanitário de tijolos e de centenas de agentes de segurança encarregados de que ninguém visse o que estava acontecendo.
A realidade parecia pesadelo orwelliano. A planificação central socia-lista avisou com precedência que não haveria água em Pequim para os Jogos. Decretos foram abaixados para em “cem dias de luta” construir mais de 300 quilômetros de canais e dutos até a capital.
Porém, ninguém disse uma palavra sobre o que acontecera. As taxas pela água subiram 300%, i. é, ficaram impagáveis. Muitos canais de irrigação secaram sem explicação.
O nível das águas subterrâneas ficou inatingível, as plantações morreram, os campos foram abandonados e as casas camponesas ficaram desertas.
Perto de 31.000 habitantes da região de Baoding queixaram-se de terem perdido casas e terras.
A mídia oficial, entrementes, anunciava que a popu-lação exultava de regozijo por fazer um sacrifício em aras do bem nacional.
O jornalista do “The Sunday Times” viu canais de concreto vazios ou com poças de água de chuva, ou simplesmente inacabados, e reservatórios en-tupidos de lama ou pedregulho. A poeira obscurecia o horizonte.
“Nossos córregos e rios não têm mais água” deplorava Wang Duchuan, camponês de 30 anos. “O quê faremos para cultivar arroz? Não temos água nem para milho”, acrescia tomado pela desesperança.
Outro recurso oficial para solucionar o problema da água foi banir legiões de operários da capital.
No interior, a ditadura recorreu à repressão dos infelizes.
Controles nas estradas impediam a migração para as cidades, sobre tudo para Pequim. Os taxis só podiam levar passageiros “inusuais” com permissão exclusiva da polícia.
O jornalista do “The Sunday Times” viu soldados armados que controlavam em 10 pontos uma das estradas que levava para um reservatório. Em cada parada, uma faixa proclamava “Controle de Segurança das Olimpíadas”. Pouco importava que estas acontecessem a mais de 160 quilômetros de distância.
Nos controles, cartazes ofereciam um prêmio de R$25.000 para aqueles que delatassem “informações especiais Olímpicas” ao esquema de repressão.
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